segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A LOURA DO CARA


A LOURA DO CARA

Rua Visconde de Pirajá com Vinicius de Moraes
Ipanema
Três da madruga
Um carro parado
Dentro uma loura gostosa discute com um cara
Posso ver claramente no meu telescópio
Seu decote
Sua minissaia
Suas cochas
Tenho uma ereção
Saio da janela
Sirvo-me uma dose de uísque
Meu pau não abaixa
Aperto um verdinho
Dou vários catrancos na erva
Meu pau não abaixa
Volto pra janela
O carro ainda está lá
Miro meu telescópio pra gostosa
Eles ainda discutem
Penso várias coisas
Ela deve ter o traído e ele descobriu
Vadia deliciosa
Meu pau não abaixa
A loura da um tapa na cara do cara
Com certeza ele descobriu que foi corneado
Ela sai do carro batendo a porta, com raiva.
Passional
O cara do carro vai embora
Caralho, ela é muito mais gostosa em pé.
Desisto do telescópio
Olho a olho nu
Da minha janela constato suas curvas
Sua minissaia preta colada ao corpo oferece-me sua bunda
Seu decote dourado serve-me suas tetas siliconadas
Meu pau não abaixa
Lá está ela, abandonada, andando de um lado pro outro.
Desfilando suas carnes pra mim
Dou um baita gole no uísque
Um tapa no bagulho
Ela me vê
Pegou-me de bagulho na mão
A vadia ri pra mim
Fico imóvel na janela
Ela grita:

- Posso subir e dar um dois aí com você?

Não acredito
Continuo imóvel na janela
Ela grita de novo:

- Tô falando com você

Mando-a subir
Meu pau não abaixa
Ôôô... Sooorteee...
Em minutos a loura estará no meu apartamento
Crio um clima à meia luz
Deixo a vista uma garrafa de uísque e um paco de maconha
Ela toca a campainha
Abro a porta e ajeito a pica
Que visão
A cadela vai direto ao meu telescópio e pergunta-me:

- Você espiona muita gente com isso?

Respondo sim
Ela continua:

- Gostou do que viu dentro do carro do meu namorado?

Respondo sim
Ela não para de falar:

- Aquele otário acha que eu tô sempre dando pra outro, acredita?

Eu tenho certeza
Respondo não
Ela senta no sofá, cruza as pernas e ascende um cigarro.
Cavala
Em pé na porta eu posso ver bem
Ajeito a pica e fecho a porta
Ela olha pra minha pica e da um trago no cigarro
Silêncio
Sento-me ao seu lado e aperto um baseado
Silêncio
Ascendo o verdinho e dou pra ela
Silêncio
Ela da um tapa no bagulho, depois outro, e mais outro.
De repente ela bota a mão na minha perna e fala:

- Isso não tá me dando onda, você tem cocaína?

Respondo não
Porra, a maluca grita-me na janela querendo fumar um, e agora quer cocaína, tô sentindo cheiro de merda.
Sem tirar a mão da minha perna ela diz:

- Vou ligar pro moto-taxi, tem problema?

Claro que tem problema
Respondo não
O telefone dela toca, ela não atende.
Batem na porta
Não estou esperando ninguém
Uma voz masculina grita:

- Eu sei que você está aí sua piranha, abre essa porta porra!

Calmamente ela olha pra mim, da um trago no cigarro, levanta, abre a porta, e vai embora.
Corro pra janela e vejo o mesmo carro na esquina, vazio.
Os dois saem do meu prédio e andam na direção do carro
Ainda a escuto falando pro cara:

- Eu te amo seu bobo, o Mauricio é viado, eu nunca te traí.

Meu pau não abaixa


Pablo Treuffar
Licença Creative Commons
Based on a work at http://www.pablotreuffar.com/.
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

2 comentários:

Thomaz Henrique Barbosa disse...

Me diverti lendo, tive até alguns momentos de riso. Muito bom!

Dídimo Gusmão disse...

Bela crônica!
Curti saboreando cada palavra. Cada frase. Cada desenrolar da sua crônica.
Maravilha!

http://oliveirabicudo.blogspot.com/