sexta-feira, 20 de julho de 2012

Convidado Breno Brites

Coisa de Homem 99

Não sei lidar com a tristeza que sinto, esta pedra em meu peito dói há anos, esta fraqueza eu disfarço com todo o sarcasmo que consigo destilar e falar sobre o assunto não fez a menor diferença. Estou cansado de mim e sou incapaz de me perdoar por ser deste jeito. Esta tristeza é visível no reflexo do espelho, nas canções que toco na varanda de casa, nos textos que aqui deixo, no meu jeito desleixado, no cabelo sujo, na barba mal cuidada, nos dentes tortos que escondo, porque sorrir é pesado e dormir é um favor que faço às poucas pessoas que me toleram. Eu me sinto péssimo.
É insanidade da minha parte achar que esta sensação vai sumir porque não falo sobre ela; é  infantil esconder este desconcerto das pessoas que amo. Eu me afasto dos meus porque me sinto diminuto, um trapo. E falo um bando de merda para esconder a tristeza que sinto há anos. Insanidade.
Respiro fundo e seguro o choro, estou tremendo em silêncio dentro deste escritório, sinto frio. Acho que bebi café demais, estou inquieto, irritado, sinto que estou emocionalmente frágil, debilitado. É um esforço inútil torcer para que a luz desintegre toda a mofina que estraga a minha mente, é triste começar a semana com este pesar. É muito solitário ser um babaca.
Leio as palavras acima e me acalmo, espero um dia ter coragem para dizer em voz alta que estou triste há anos e que são longas as noites em que esta dor implacável me ataca, estou cansado de fugir da minha consciência, estou cansado de justificar minha existência e de fingir que não me importo. Putz, eu me importo demais, eu fico triste, me fecho e entristeço as pessoas ao meu redor. Eu preciso tanto de alguém que me perdoe, porque sou incapaz de me perdoar. E sem perdão eu me distancio da luz. Sem perdão, eu não existo.
Eu aceito suas desculpas, Breno. A sua tristeza agora é minha também, este pesar também é meu. Você não precisa carregar este fardo sozinho, pode contar comigo, eu te ajudo. E te perdôo.
E lembre-se: o mundo não é justo, mas você pode sê-lo. Até logo.
P.S.: um passo para trás foi o suficiente para eu notar o abismo em que me encontrava.


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Breno Brites

Um comentário:

Júlio Freitas disse...
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