segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Retrato de um Blues a dois




  
     Má conduta essa minha quando me mantinha a te olhar com o seu curvex e enquanto isso você nem ao menos figurava a minha presença, traços da minha imagem contorcida pela luz rasa da nossa indecência, sem somar eu ainda apaixonado, entorpecido tentando seguir a música junto aos teus passos dentre os meus enviesados. A cada intervalo de uma respiração a percussão do instrumento sincronizava junto ao vosso coração, talvez eu soubesse a Fórmula, todavia eu me perfilaria de enredo quando tão perto de sentir toda a sua forma.
    Não sei quando ela mente, aliás, nem ao menos omito, me entrego com as minhas sinceras conquistas facilmente, tendo por sua vez apenas olhos fechados e cílios destacados, imaginando com um sorriso entre aberto coisas que... Sabe lá, pensamentos onde eu queria está olhando do interior de uma casa sem teto. O ritmo retarda, emerge-se um ar de intimidade sob o “Ain't Got Nothin' But the Blues” sem palavras, quando uma nota do saxofone entoa onde se propaga vagarosa, vejo-me ali sentindo um apego maior de sua mão frenética apertando forte meu ombro que logo embasa.
    Voltamos a embalar suavemente suspeitando o retoque da bebida, eu segurava uma taça de tequila e ela acabara de marcar o cigarro com o seu batom vermelho em um trago pulcro, fui persuadido a levar um gole, senti-o descendo pela minha gorja, eu estava culto. Longe de tudo eu tirava o seu pó brozant com o meu próprio rosto, fluía algo da minha boca para perto do seu ouvido.

- O que quero de te, faz um diferencial um tanto duvidoso.

Após um sussurro, sua respiração ofegante, sua matéria delineada se enquadram explicitamente ao meu desejo atraente como um diamante. Aqui há um compasso continuo escondido no subconsciente da qual finjo saber, apenas não interessa! O tempo aquece e não tenho mais consciência de nada. Vais a um padrão amoroso inadequado, seu jeito sensual e solene me recorda que ela é minha e o Blues que a pouco começou, cabe a ambos, ao toque de sua boca contradizendo o sentido de que já não sei, mas quem eu sou.

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