Pode ser um dia…
Há dias que quando vou à minha cidade materna, me questiono
sobre a vida no campo, sobre a vida no Alto Minho. Do rodopio do trânsito
caótico ao ensurdecedor borburinho das comadres que deambulam pela padaria e
cabeleireiros, onde a vida alheia é posta a nu, fico com a sensação que não há
mais que o belo sentir a natureza a falar por si.
Aqui neste recanto do Alto Minho a vida vai mais ao encontro
dos meus desejos. Embora seja sempre um pelica que aterrou nestas terra bravias
e em comunhão com a natureza, fico pensando que já devia ter feito esta decisão
há muitos anos. Não existe nada que compre o sossego do interior minhoto, onde
a vida segue o seu ritmo sem grandes sobressaltos.
Claro que é sempre um ato de coragem, deixar tudo para trás e
sem família aposentar-me nestas terras lindas e verdejantes. Mas para tudo há
sempre uma primeira vez, e esta foi certeira, direta ao meu aconchego desejado.
Pode ser um dia… em que o mundo dê-me as voltas, mas por
enquanto quero viver estas dádivas que Deus me oferece, onde longe de enguiços
levo a vida que escolhi para que meu trabalho dê os seus frutos.
Muito embora, como todos sabemos que a vida não é nenhuma
pera doce, podemos sempre aproveitar o que dela melhor se tira, e fazermos em
comunhão com os nossos semelhantes o melhor proveito.
Pode ser um dia… em que as forças me faltem para elogiar a
mãe natura, mas o meu olhar estará sempre lá, onde a visualização Dela poderá
trazer novo enlace para melhor me sentir. Guardarei no coração a inspiração dos
teus vales e serras que me fazes comtemplar num privilégio inigualável.
Pode ser um dia… em que o que resta de mim sirva para educar
uma nova geração perdida nas interrogações.
Pode ser um dia… em que respirar os ares puros da serra me
levem a acreditar num mundo melhor, onde a mentira e a opressão não tenha lugar
em nós.
Pode ser um dia…
Quito Arantes
Portelinha
Castro Laboreiro
27/02/13
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