quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Por que não há rimas para o teu nome



Escreverei
antes que este dia acabe
um poema sobre teu nome
que ainda sim, não impedirá em breve, o doce fim do mundo
Escreverei
antes que este dia acabe
teu nome, diversas vezes, em um poema
que, este sim, interferirá no balé dos astros e constelações
fazendo surgir assim um novo e 13º signo
Escreverei então
um poema sobre teu nome
todos os dias
com o afinco de valentão centroavante exímio
ao celebrar gol chorado nos estertores do 2º tempo
Escreverei, diversas vezes
todos os dias
teu nome em um poema
que findado, não caberá inteiro
rabiscado sobre o Trópico de Capricórnio
Escreverei, um dia
em todos os meus poemas
teu nome
após passar noites em claro
decifrando rimas e palavras perdidas
em dialetos mortos
Escreverei, um dia
um poema sem rimas sobre
teu nome
que atravessará o Atlântico
e será compreendido pelos bantos congoleses
em sua ancestral espiritualidade
como o grito primal de seus deuses do mar
Escreverei, um dia
todas as rimas de teu nome em
um poema
silencioso como um tigre, felino em riste
sob à espreita na escuridão
abissal da floresta
Um dia, não escreverei mais
pois finalmente, todos os meus poemas
serão somente
teu nome
# contêm citações de f. corsaletti, m. quintana, h. miller

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom! O nome nao aparece nunca! :)

Robisson disse...

exato, caro anônimo, o nome dela não é dito em nenhum dos versos, e todo o poema é para ele, o nome dela, e para ela.
abraço
robisson