É sexta-feira. O sol ainda não se pôs, mas o surdo
ecoa pelas ruas do centro. A confusão de pessoas saindo do trabalho se mistura
às batidas.
Ele está com a gravata frouxa quando a vê.
- Psiu!
Ela não olha. Está com uma tiara colorida na cabeça.
No corpo, a roupa do trabalho.
- Psiu!
Ele insiste.
Ela insiste na recusa.
- Vou te dar duas opções.
Ela não acredita. Olha pra ele. Finalmente.
- Oi, gata.
Odeia ser chamada de gata.
Volta a atenção para as amigas.
- Fala comigo, gata. Olha pra mim.
Ela segue ignorando.
Ele repete o discurso anterior.
- Então, vou te dar duas opções.
Nunca viu ele antes. Não acredita no ultimato.
- Gata, é o seguinte: ou você me beija ou dá uma
cambalhota.
Ela não acredita.
Ele não deixa dúvidas.
- Ou me beija ou dá uma cambalhota.
Ela encara. Ele, sério.
As amigas dela observam a cena.
- Prefiro rolar até a Barra da Tijuca.
Era ela. Pura delicadeza.
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