quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Sexta-feira de Carnaval


É sexta-feira. O sol ainda não se pôs, mas o surdo ecoa pelas ruas do centro. A confusão de pessoas saindo do trabalho se mistura às batidas.
Ele está com a gravata frouxa quando a vê.

- Psiu!

Ela não olha. Está com uma tiara colorida na cabeça. No corpo, a roupa do trabalho.

- Psiu!

Ele insiste.
Ela insiste na recusa.

- Vou te dar duas opções.

Ela não acredita. Olha pra ele. Finalmente.

- Oi, gata.

Odeia ser chamada de gata.
Volta a atenção para as amigas.

- Fala comigo, gata. Olha pra mim.

Ela segue ignorando.
Ele repete o discurso anterior.

- Então, vou te dar duas opções.

Nunca viu ele antes. Não acredita no ultimato.

- Gata, é o seguinte: ou você me beija ou dá uma cambalhota.

Ela não acredita.
Ele não deixa dúvidas.

- Ou me beija ou dá uma cambalhota.

Ela encara. Ele, sério.
As amigas dela observam a cena.

- Prefiro rolar até a Barra da Tijuca.

Era ela. Pura delicadeza.

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