quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Antirreflexo e Antirreflexo II (tabula rasa)

Antirreflexo

Memórias rasgadas
Aparentemente apagadas
Tinta bruta permanente
Permanentemente afiada

Sangra o que não deve
Porém, o que não se percebe
É o gosto...gostoso
De quem gosta do desgosto

De quem sente o assombro
De tudo que não lhe convém
Quando na melhor companhia
A solidão lhe cai bem

Memórias anuviadas
Pela tinta que dimana
E mancha a marcha do tempo
Que devagar flui como um rio...sedento

Sangria desenfreada
Sanguessugas da alma
Das almas penadas que somos nós
Sozinhos em nossos lençóis

Espelho meu abdica desta farsa
E só reflita o que for verdadeiro
Sem truques, caras e bocas 
Apenas a face hermética...ainda presa no cativeiro

Antirreflexo da felicidade
Que não suporta o fim...start da vaidade
Mesmo não entendendo
Que o mesmo está ao lado de cada início inesperado

Continua...

Antirreflexo II (tabula rasa)

Constrói a história do tempo
O tempo que se inicia após o fim inesperado
Já que juntos cursam por toda a eternidade
E combatem o antirreflexo da felicidade

Feliz seja tudo que lhe convém
E o que não...amadureça longe do seu quintal
Seja feliz mesmo que não convenha
Pois o que se colhe verde apodrece no final

Grandes novidades no museu da alma
Pinturas, musas e esculturas...de carne
A entrada é franca...ou quase nada
Apenas deixe para trás a tinta já usada

Somos tabulas-rasas prontas
Prontamente inconscientes do que nos espera
O certo é que o preenchimento é inevitável
Inevitavelmente recobre as manchas de outra era

Uma semente cresce em seu jardim
Florestas voltamos a ser
Pois mesmo em terrenos inóspitos ouve-se o toque do clarim
Proclamando que voltamos a ter...o que nos faltava...ser

Hoje, nem tintas afiadas
Nem tabulas-rasas
O preenchimento inevitável aconteceu
Assim é você...assim sou eu

 

 

 

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