sábado, 8 de março de 2014



não tem nome

.

o céu dispara seus dardos
setas azuis lancinantes
fiapos de sombra rastejam medos

cismo anjos
livros sedados
fogueiras e selos
sexo e mentiras

tudo cai

enredadas pelos cantos as meadas desfiam
longos rosários de verdades entrecortadas
os anjos segredam revelações
em meus olhos moucos

queria que contassem dos desenhos
das tramas traçadas
dos ardis pintados na areia

mas eles sussurram sem parar
cegando teus encantos

queria que ouvissem
essas notas dissonantes e embaraçadas
sopradas no avesso da trama

distraída pela algaravia de cores
despedaço teu olhar surdo
espargindo cacos
vitríolos em que refulgem incêndios


(rosa cardoso)

.

Não sei se é , exatamente, para Heloísa Galves Fiz pensando nela, mas creio que falo de mim e não dela, todo poema acaba sempre falando de nós mesmos ? Não sei. O poema fica como registro do susto de perder alguém querido mesmo que apenas entrevisto nas entrelinhas dos poemas.
Fica o poema e fica o beijo.

Nenhum comentário: