As crianças são presas fáceis das campanhas publicitárias.Quem tem filhos ou sobrinhos vai entender o que quero dizer. Nos anos 80, as crianças eram repentinamente raptadas para outra dimensão, a do consumismo. Os comerciais da época, eram como conto de fadas, elas queriam os brinquedos “ESTRELA”, a bicicleta “Caloi” e a boneca Barbie. Eram hipnotizadas pelo slogan: “Compre Batom, compre Batom, seu filho merece Batom...”. Essas marcas detinham o posicionamento na mente do consumidor mirim. Os pequenos gigantes têm grande poder de influenciar as decisões de compra, muitas das vezes fazem os pais gastarem o que não têm.
Enquanto isso na liga da justiça... ou melhor, enquanto isso na Banda do Marketing*... pessoas trabalham arduamente para garantir a vantagem competitiva no mercado infantil. Atualizam as ofertas de produtos, produzem comerciais atraentes, criam canais de comunicação, desenvolvem sites interativos, enfim, estão suando a camisa, vale tudo para não deixar escapulir pelos dedos o público-alvo.
Falar em criança, não é só falar em brinquedos, elas sabem o que querem: escolhem o que vão vestir, calçar, comer, e, até celular. O consumismo infantil é estimulado sem dúvida, pelas personalidades da TV através de propagandas. O maior problema está no tempo em que elas passam em frente da televisão, em média, cinco horas diárias.
Se por um lado isso é preocupante para os pais, por outro, é uma tendência do mercado. Elas estão amadurecendo precocemente devido à velocidade da informação. Por conta disso, a Banda do Marketing na mesma velocidade, usa estratégias e argumentos para atingir tanto os pais quanto as crianças, levando em consideração é claro, a ética no marketing.
Ressalto a ética, porque devido à competitividade do mercado, o marketing tem sido utilizado como uma ferramenta capaz de mudar o comportamento do consumidor. Atualmente, há um abuso irremediável das propagandas, algumas são enganosas, prometem aquilo que não podem cumprir. Campanhas publicitárias com essa filosofia são produzidas pela banda podre do marketing, cujo objetivo é empurrar goela baixo produtos, muitas das vezes de péssima qualidade.
Não importa as iguarias postas à mesa. Queremos consumir a verdade e o respeito.
Lena Casas Novas
Com informações do Jornal do Commércio - RJ
*A Banda do Marketing: obra registrada por Lena Casas Novas. Reúne dissertações que tem como foco: a percepção do consumidor comum para as táticas e estratégias implementadas no mercado de tendências.
10 comentários:
Este é um problema sério. Os seres humanos viraram máquinas de consumir e tudo é voltado para o mercado. Até mesmo os colégio e as universidades tratam o "aluno" como cliente. É uma tristeza! Lena, parabéns pelo texto.
Muito coerente seu txt.
Discordo, contudo, do tom pejorativo. O marketing é uma conseqüência da competição. Aliás, não só o marketing, como também o aperfeiçoamento dos processos de produção como um todo. O marketing é a ponta da agulha.
Não vejo problema no que o Anderson falou. Segundo ele, é uma tristeza ser tratado como mercado, como cliente. E daí? Esqueceu que o cliente sempre tem a razão?
Ideologias à parte, gostei da seriedade do seu texto. Afinal, a função referencial(ou denotativa) da linguagem serve pra abordar esse tipo de assunto.
Fiquei duas vezes impressionado.
A primeira foi a leitura do texto coerente, em que exemplifica uma das facas de dois "legumes" moderna: o marketing ao mesmo tempo que ajuda a indústria e o comércio a girarem seus produtos, fazendo a roda financeira andar, também pode descambar o incauto consumidor a uma busca desenfreada pela felicidade, via cartão de crédito (ou boleto bancário, cheque pré-datado ou aquele monte de facilidades prometidas em todos os intervalos comerciais, naquele molde de uma famosa rede: quer pagar quanto?)
O consumismo têm o seu quinhão de culpa na violência de hoje: moleque ávido por marca "x" (patrocinadora de um grande jogador de futebol), ganha o referido tênis "da hora" de manhã e ao sair para fazer inveja aos amigos, é assaltado à tarde por outro fã do mesmo jogador... às vezes isso pode até dar em coisa mais pesada que só um roubo de tênis.
Belo texto, leva a muitas reflexões. Paro por aqui pois tenho que voltar às minhas flexões.
Outra coisa que me deixou impressionado foi a seriedade do Emanuel e o fato dele ter gostado da tua seriedade.
Como disse, teu texto leva a reflexões...
ficanapaz!
cristiano,
eu sou um cara sério. A literatura é uma válvula de escape. É justamente por isso que eu abomino sermões disfarçados de poema. Textos literários são fantasia. Não use a arte pra falar de coisa séria. A arte é uma péssima ferramenta pra isso.
cristiano,
outra coisa: não creio que o consumismo seja a peça motivadora de assaltos desse tipo. O que acontece, na minha opinião, é a manifestação de uma vontade reprimida, uma ambição. Não me interessa se essa ambição é voltada ao consumo de têniss(qual é o plural de tênis), ou roupas. O motivador é a ambição, sentimento intrínseco do homem. Em outras épocas, roubariam outras coisas, como garrafas de rum, cavalos...
Quanta seriedade por parte dos meninos!
Obrigada pelos comentários.
Emmanuel, o tom pejorativo é para mostrar a outra face da moeda do marketing e afirmar que o "consumidor comum"(leigas - que desconhecem um composto de marketing) podem perceber as estratégias de persuasão levando muitas das vezes a apresentar os sintomas da doença chamada: consumismo, pois muitas pessoas não vivem sem gastar.
Há controversia, há muitas reflexões
Continui debatendo mesmo.
consumir todos consomem, até nas sociedades comunistas (ainda existe isto?)A diferença reside no necessário e no supérfluo, considerando supérfluo o que seja desnecessário a alguém individualmente. Eu, for exemple, não consigo viver sem comprar DVDs é a minha necessidade, rs). Triste é ver crianças entrarem nesta onde, Mas é assim mesmo. A máquina de consumo necessita criar sua clientela desde cedo.
Creio que a questão central da problemática é: "o que é necessidade?"
No início do século vinte, foi dito que o automóvel não daria certo, pois já havia cavalo.
Temos necessidade, por exemplo, de uma máquina de teletransporte?
Creio que não. Mas basta aparecer uma, que vamos nos sentir necessitados.
A dicotomia conceitual é evidente.
Seria a necessidade algo coletivo, onde o que é necessário pra mim, é necessário pra todos?
Ou seria a necessidade algo psicológico, de tal forma que apenas o indivíduo pode eleger suas necessidades?
Se coletivo, o consumismo é condenável. Afinal, ele não passaria de um luxo DESNECESSÁRIO.
Se psicológico, o consumismo é justificável, pois a viciada em sapatos se sente obrigada a comprá-los.
Em ambos os casos, no entanto, percebemos que o consumismo configuraria desequilíbrio psicológico. No caso da primeira concepção, além de desequilibrado, o consumista seria rotulado de débil mental.
Já no segundo, mesmo sendo considerado compulsivo, pode-se relevar o problema, considerando-o um mal apenas pro indivíduo, e levando em conta os empregos e a estrutura econômica que o consumista sustenta com seu vício.
caralho!!!
meu nome é eManuel!!!
Esse texto me faz lembrar um comercial que eu vi, bem marcante. A Hello Kitty dançando funk, dando reboladas com as mãos no joelho, num fundo rosa. Passou na Nickelodeon, ou algum canal do tipo.
Acho que a imagem grita por sí.
Postar um comentário