quarta-feira, 27 de junho de 2007

Ars Coloris

Conheço artistas do prazer e pesadelo
Cujos quadros pintados sem a luz do Sol
Parecem implorar à sombra do arrebol
Um novo horror com franco e persistente apelo.

Ao saber dessa súplica vimos do Abismo
Para então adentrar suas sinistras galerias
E descobrir porque tão belas alegrias
Sucumbem ao amargor desse tinto cinismo.

Há sangue nas paredes (molduras jamais!),
E em tudo que meu olhar estranho se detém
Um cadáver infante cavalga no além
A imagem distorcida de amores iguais.

O pálido azul de um quadro ousa me dizer
Que do pecado colhe-se frondosa messe
Pois Deus do crime cúmplice jamais se esquece
E há de punir no corpo esse carnal poder.

Odeio vossas paisagens, gélidos artistas!
A noite que nos palcos da vida encenais
Nunca vencerá aquela dos céus infernais;
Porque a treva sublime de vossas conquistas

Não passa de um esquálido e pungente raio
Tirado à matriz da melancolia morbosa
Que viceja no tédio qual funérea rosa
Na lápide nua sob as lágrimas de maio.

E o que vomita vossa aquarela incolor,
Apesar de frio e exposto ao paladar do verme,
É menos do que prova vosso sangue inerme
Dessa trêmula, imensa e sempre eterna dor.

______________

Rebellis [Eduardo Borges]

7 comentários:

medusa que costura insanidades disse...

"E o que vomita vossa aquarela incolor,
Apesar de frio e exposto ao paladar do verme,
É menos do que prova vosso sangue inerme
Dessa trêmula, imensa e sempre eterna dor."
esse poema é tão intenso que arranca o fôlego e as palavras
te deixo um longo suspiro sr miau
bjs

Anderson H. disse...

Esse eu conheço. Fera como sempre.

Alessa B. disse...

ah, Gato Preto, assim não vale. eu já nem sei mais o q dizer sobre a tua Arte. é simplesmente Arte. e Arte literária de alto nível. é isso.

Muryel De Zôppa disse...

excelente escrita. ambiciono algo assim.

Rebellis disse...

Muito agradecido pelos comentários ;-)

Larissa Marques - LM@rq disse...

Queria ter o poder da rima, como você tem. Adorei. Beijo grande!

Rebellis disse...

O autor, após ser expulso desse Blog por divergir em idéias do dono do local, exige que seus poemas sejam apagados. Este blog não tem mais permissão para exibir meus textos. Aguardo pacientemente a remoção dessa poesia.

Grato.