Coagulado o pensamento tinge
a paisagem cor de carmim
em sangue filhote de navalha
Entre o desmaio e a febre
Ensaio palavras canibais
Imploro:lobotomias,injeções,ópio
Ou qualque outro procedimento radical
que me aborte de mim mesma
Desejo que os pedaços voem estéreis
e brilhantes confundíveis com as estrelas
Decadentes elas transbordam pedidos proibidos
Vomitam víceras passionais
Peço agúa pois já não aguento mais tanta porrada
Mas o hematoma tem minha cor preferida
E assim mais uma vez
Dou minha cara a tapa!
Quis ser amarrada á outro corpo
para compreender o mistério da simbiose
Mas cometi o crime
Da delícia do torpor
e da fragmentação da psicose
Adeus,adeus
Vou parir mais uma prece
Adeus vou voar em labirintos
que minha alma teme e desconhece
A revelação sucedeu-se em uma madrugada histérica
Eu velava meu próprio corpo
aos pés de confortos desorientados
Naquele momento descobri
Que eu não sou eu
Não sou uma
Não sou outra
Nem coisa alguma
O corpo coberto de espinhos
E as rosas doentes flutuando por cima deste
Choravam o milagre da libertação
Eu fazia coro com elas
Chorando por não ser um grito na relva
Ou uma gota de orvalho congelada
Por cavoucar a terra procurando tesouros
e cabeças inchadas de sonhos
até as unhas sangrarem
Por se eclipse
metamorfose
petrificação
vazio e miragem
Por ser o sonho de ser
em um poente do avesso
4 comentários:
Caramba menina! Muito lindo! Nosso velório íntimo, nossa agonia diária e o prazer gritante que nos impulsiona a viver sangue. Amei. Sou tua fã linda.
é intenso!
é denso
e outras coisas mais que rimam com
"enso"
Bem comovente, esse poema.A ilustração diz muito com seu pensamento.
Um redemoinho convulsivo.
Espasmos de dor e beleza.
Lindo!
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