Foi contratado para ser o Papai Noel de uma família classe média. Animaria a criançada surgindo da chaminé, gritando “ho ho ho” e distribuindo os presentes, em geral lembrancinhas, bem ao espírito mesquinho dos natais de hoje em dia. Como estava na de pior, aceitou.
Na véspera de natal, roupa vermelha, barba postiça e saco nas costas, lá se foi ele em direção a casa combinada. Mas anotou o endereço errado e desceu pela chaminé da casa ao lado. Estava vazia. Papai Noel foi seduzido pelos eletrodomésticos que decoravam a casa. Dariam uns bons tostões na mão de um receptador que ele conhecia. Esvaziou o saco de presentes, encheu-os com o que pode carregar. Teria um natal muito mais sortido do que o último. Não esqueceu de levar um ursinho de pelúcia para a filha e um carro de controle remoto para o moleque, seu xodó. Corroído pelo remorso, mas vencido pela tentação que o consumismo da data impunha, deixou os presentes para os que estavam ausentes, acompanhados por um bilhete. “Papai Noel esteve aqui. Feliz Natal!”
As crianças da casa ao lado deixaram de acreditar em Papai Noel, que os decepcionou, esquecendo-se deles que foram bonzinhos durante todo o ano. A menorzinha jurou que tinha visto o Bom Velhinho no telhado dos vizinhos. Papai Noel recebeu nota zero em comportamento naquele natal.
6 comentários:
Gostei, cara. Tive ideias assim mas jamais conseguiria com tanta fineza e trato.
Acho que faltou um melhor desenvolvimento... o final ficou ordinário.
eu acredito em papai noel.
ao menos, no que o lama criou.
boa, limão.
hahaha, quer dizer, ho ho ho
no próximo Natal, as lareiras ficarão acesas e os telhados eletreficados rss
Bom Natal! Muito criativo!
Uma brilhante crítica social!
Uma boa mistura dum tema apropriado ao mês com uma leve referência às mazelas sociais.
E rematou firmando a descrença no "bom" velhinho.
Parabéns.
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