terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eles, quem são?

Silenciosos parecem pássaros recolhidos em seus ninhos a arquitetar uma próxima sinfonia.
Não batem asas ou a menor penugem escapa de suas carcaças minúsculas.
São feitos de um material desconhecido à genética e a outras ciências que ouse desvendá-los.
Muitas cores, das claras às escuras, singram os dias dos atentos e colorem quando previsível o olhar de muitos desavisados com a concretização.
São marítimos, terrenos, espaciais e assim são glaciais, extraterrestres de um todo.
O nascimento de tais seres é mistério que cada um sabe, e o outro imagina, porque quem diz não diz tudo, espera ser descoberto. E, quando descobertos, eles voltam ao estado de hibernação, para formular novas mensagens aos espíritos criadores.
Quando felizes embalam ordens de Paz. Quando tristes pensam o infinito para sempre unificado e uma forma de trazê-lo à tona para os humanos. Talvez a Poesia cubra seus bicos de confiança.
Observam tudo dos seus asilos. O homem e suas vinganças. O homem e suas criações. O homem e sua ganância a mercê dos maiores crimes para alcançar o topo e derrubar, destruir, aniquilar.
Em momentos assim eles choram e ficam como que cegos de ódio, suas lágrimas massacram, porém possuem o próprio coração de Deus e perdoam.
Nos seus interiores uma alma de milênios habita-os. Surgem da geração do princípio. Suas bibliotecas são grandes e de cada um dos seus escritores preferidos trazem a crença de um mundo melhor. Crêem no poder da transformação, acreditam em renascimento e seguem a cruzar linhas e linhas impostas pelos homens para comprovar que o limite é só um desafio quando há disposição para o vôo.
Não. Nunca foram mitos. São realidades em muitas mentes. Há quem os trate como pingos de luz, matizes, impulsos, preliminares, profecias. Há quem os alimente todos os dias e rezam para que eles nunca partam. São símbolos de que a esperança deve perseverar.
Múltiplos são de todos os lugares e conhecem todos os mares, todos os vales, áridos, povoados, desabitados, mortíferos e redentores. Viajam constantemente, mesmo quando estão em reflexão. Seus enormes olhos correm tempos...
Quando um deles morre – se é que eles morrem – outros milhares nascem.
O homem busca interpretá-los, mas será mesmo que há uma possibilidade exata de interpretação já que são muitos?
A fala sim os liberta, os atos os colocam em prática.
Quando isso acontece, eles deixam de ser solitários, para comungar a imortalidade da alma do homem e aperfeiçoar os seus bons momentos.
O caso destes pássaros íntimos é um mistério e também várias revelações.
Eles são os sonhos. E todo aquele que trabalha em prol de alimentá-los e mantê-los vivos não é somente um mártir e sim um deus que descobriu que do seu equilíbrio depende o equilíbrio do próximo no direito de ir e vir.
Quer aprender a voar, ser iluminado? Deixe que o sonhar liberte-o e ensine o maior dos segredos do amor: a doçura de realizar-se sonhando para depois, só depois, acrescentar concretizando.


Eliane Alcântara.

22 comentários:

Anônimo disse...

Ola Eliane bom dia passei por aqui neste "teu dia" e adorei o teu texto,a cada dia q passa a tua escrita fica mais bela,parabens Eliane!jinhos

Ana disse...

Oi Eliane, adorei o seu texto, alias já li outros e sempre gosto muito de todos.
Parabens e sucesso pra vc, bjs.

Luiz de Aquino disse...

Eliane,

Assim começo a conhecer o seu texto, num gingado de trem mineiro, balanço de samba na transição que criou a bossa-nova que me embala há décadas e há de depurar espíritos sensíveis por séculos...
Gostei do seu jeito, modo, estilo, tema. Seu texto, para mim (leitor), serve como meia ou luva de tecido anatômico, tamanho único, prosa querendo ser verso, fala solta salpicada de poesia.

Ou seja: gostei!

Luiz de Aquino (de Goiânia)

Assis de Mello disse...

Oi Eliane,
Sua escrita tem ares de vôos altos, amplia horizontes, pois é lírica, imagística e você tem bom domínio da linguagem, vocabular e sintaxe.
Escritos assim, pessoas assim, nos interessa muito.
Quem foi o besta que disse que mulheres bonitas são fúteis/superficiais ?
Parabéns. Já já vou pegar o link para o seu blog.
Chico (ou Assis de Mello)

Anônimo disse...

Eliane,

Puta texto, bem escrito e construído. Disse tudo com amplidão.

Beijabração. Muita luz e saúde.

Cássio Amaral.

JotaBehr disse...

Eliane, gosto do que escreves... Teu estilo me chama sempre atenção e "ELES QUEM SÃO" mostra bem porque tu sempre consegues sucesso... Parabéns!!! Um beijo...

João Behr{JOTA], Poa-RS...

YOUSSEF RZOUGA disse...

De manhã, terminei de ler ao Bar do Escritor Eles, quem são? da Eliane Alcântara, muito bom.
É um artigo baseado na vida simbólica onde os mil e um passaros vivem aqui entre nós.
Claro que nem tudo são flores. Bem, os pássaros que gosto sobrevivem apesar de tudo como uma matiz de graça ou de metáfora para voar enfim, qualquer dia, de baixo a alto e vice-versa.
Youssef Rzouga
http://youssefrzouga.lalupe.com/

Unknown disse...

Eliane...
Simplismente perfeito o seu texto, você é um desses gênios que com palavras expressam toda a verdade que vem da alma e do coração.
Grande abraço, e nunca deixe de escrever, pois precisamos de pessoas como você!

Anônimo disse...

Se viver não preciso, sonhar mais ainda, mas, ainda assim, precisamos sonhar. Belíssimo. Beijos.

Dérick Ri-San disse...

É dessas coisas de "Eliane de ser".
Além do teor magnífico, o texto traz uma forma e ritmo bastante agradáveis.
As características da "escritora" podem estar aí (bem mais além) nesse jeito de escrever. Como será de fato Eliane? Acho que descobri um desses seres raros, entendem?!

O texto me alimentou, me cativou e isso é valido.

"...o limite é só um desafio quando há disposição para o vôo."

sinceramente, adorei.

Anônimo disse...

Eliane, eles somos nós mais adiante. Mas para chegarmos lá, é preciso que a Poesia cubra nossos bicos de confiança. Parabéns! Abraços.
JIVM

Anônimo disse...

Ola minha poetisa...Passando por aqui para admirar este teu talento nato de deslizar a pena ao papel e exprimir tantas coisas lindas. Fiquei encantado com o que escrevestes...bjus

Anônimo disse...

Ola minha poetisa...Passando por aqui para admirar este teu talento nato de deslizar a pena ao papel e exprimir tantas coisas lindas. Fiquei encantado com o que escrevestes...bjus

Anônimo disse...

Oi Eliane, como vai ?
Aprendo muitos com estes textos que leio aqui, muitas vezes me ajuda muito. Aprender a voar é bem mais facil do que amar.
beijos

Carlos Lira disse...

Parabéns minha linda, como sempre perfeito

Carlos Lira

Anônimo disse...

" OS VENCEDORES DA BATALHA DA VIDA SÃO PESSOAS PERSEVERANTES QUE, SEM SE JULGAREM GÊNIOS SE CONVENCERAM DE QUE, SÓ PELA PERSEVERANÇA E ESFORÇO PODERÃO CHEGAR AO OBJETIVO ALMEJADO".
O QUE VOCÊ ESCREVE NÃO DEIXA NADA A DESEJAR OU DIFERENCIA DOS GRANDES ESCRITORES OU POETISAS.......É SIMPLESMENMTE AMARAVILHOSO.
PARABÉNS!!!!!!......
BEIJÃO.

Gilvan Alves disse...

Eliane, achei otimo seu texto. fez-me pensar!!! Coisa de ESCRITORA. E depois de ler me peguei a confundir se estava diante de, seus PENSAMENTOS ou dos meus sentimentos. Coisa dos bons ESCRITORES.!!!
Porém, já dizia Jean-Pierre Florian (Escritor Francês)… O ELOGIO de um tolo prejudica mais do que sua CRITICA!!!

Bjs Bjs Bjs

Gilvan Alves

fábula portátil disse...

Um texto sem medo das palavras, uma correnteza de idéias e um estilo todo seu, criado como quem tece sua linhagem de mulher atenta às coisas do mundo interior. De parabéns. O olhar do leitor paraibano aqui está emocionado. Beijo!

lisieux disse...

OI, moça bonita!
Um pedido seu é uma ordem e cá estou eu, lendo e comentando o seu texto. Ah, os pássaros presos, de loucas e agitadas asas, que nos habitam o íntimo! Já falei várias vezes sobre eles. E, uma vez, usei um verso de um poema, de cujo autor, infelizmente, não me lembro o nome, que diz: "trago em mim a dor de todos os passarinhos presos"... eu me sinto assim, como este verso: deixo que a dor dos sonhos alados me habite... inquieto-me com as ânsias de vôo, presa que sou à terra, aos compromissos diários... Mas nós, poetas, não perdemos a esperança nem o sonho... portanto, voemos, através de nossa poesia. E procuremos, com ela, melhorar o mundo à nossa volta.
Beijoca carinhosa
lis

Unknown disse...

Oi minha doce escritora preferida!

Eu pensei que poderia
Lhe dar uma resposta rabiscando,
Impossível me faltou
A inspiração, mas
Não faltará oportunidade
E você sabe adoro o que vc faz.

Devair

Unknown disse...

O Homem de La Mancha

“Sonhar mais um sonho impossível....
Voar num limite improvável...”
Chico Buarque


Sonhar, no sentido que Eliane nos propõe, é um dos mais sagrados atributos humanos.
É ele que nos tirou das cavernas rupestres e nos levou à Lua, numa jornada eivada de lutas e sacrifícios, mas também de momentos recompensadores que retro alimentam os ideais e esperanças da Humanidade.
Mas, apesar de caracterizá-los de forma tão sublime, sabe que apenas a sua realização não basta; A poeta, quando valoriza o processo, vai além da concretude -que, em ultima análise, é a algoz do sonho.
Por isso, aconselha: Quer voar? Primeiro, realize-se sonhando...

Anônimo disse...

Eliane, adoro tudo que vc escreve, mas as vezes passo mesmo semanas sem entrar na net, mas falando desse texto em especial,achei excelente...claro,direto....
Eliane, a única razão de permanecermos vivos é sonhando, e realizando sonhos....um antigo poeta ja dizia..."sonho que se sonha só, é simplesmente um sonho,mas, sonho que se sonha junto....é realidade....por isso dividir sonhos é torna-los reais
beijosssssssssssssssssssss
Betinha