O sacizinho estacou.
Muito sagaz, fitou com seus olhos de brasa o prego caído no relvado.
O moirão era testemunha da azáfama naqueles dias ventosos de fim de agosto. E o elemental então acocorou-se, apontando o prego para cima.
E saiu então, sorridente, entre seus redemoinhos e seus acutíssimos silvos, muito lépido pela travessura que acabava de praticar.
Os tempos inócuos dos dedais sumidos das fiandeiras loucas havia já passado. Nem mais também importava o estrume das reses no caldo em braseiros, as pipocas frustrando o espoucar no azeite, ou o fazer tramas justíssimas nas crinas dos cavalos.
Que tomassem esse mister os hematófagos, os fungos ou o azinhavre, ou a esclerose na intensa atividade nas dobadouras.
O duende entrara intrépido na freqüência nefasta dos mortais, com suas maquinações malignas, seu livre-arbítrio infeliz e nocivo.
E o prego não espetou o pé dos empinadores de papagaios de papel, mas de um garoto que, ao cair do crepúsculo, corria estouvadamente à captura de uma ave pernalta, bodoque em punho, bornal a tiracolo, pouco atento ao carreiro e aos seus perigos.
A ponta oxidada do metal trespassou-lhe a planta do pé. Ele berrou, transido de dor. Um fluxo rubro escorreu medonho pelos interstícios dos dedos, fazendo um rastro de sangue na disparada do menino até à choça paterna.
Não obstante o desvelo dos pais, os parcos recursos do sítio prenunciaram o pior: o menino expirou, no auge da convulsão tetânica.
E o sagaz perneta, filho legítimo dos miasmas mentais afro em solo americano, abandonara de vez os gomos dos espessos bambuzais. Livrava-se do ciclo medíocre de encarnações jungido às forças eólicas. Ganharia perna, ganharia mãos não mais perfuradas, abandonaria o pito e o barrete imundo.
O corpo astral traria agora o lastro das sandices humanas, na justa lei de causa e efeito, sob o império obscuro das primeiras incursões humanas no globo.
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