domingo, 12 de outubro de 2008

Fragmentos

O Imbecil
meu filho vai nascer com cara de índio. o óbvio é mais prova contra do que a favor da ingenuidade matuta do cabra. o mandarinato político vigente contorcia-se em desentendimento da própria língua em estrangeiro. a réplica é a mais original das virtudes do imbecil. incapaz de se situar na linha de tiro, o grito acaba por sair pela culatra. Chaves que o diga. não é Evo? nada de novo no front...

A Dama da Estação 4
à primeira vista consumia-lhe a história das carruagens. a estação quatro vivia sob concessão dos patronos. Ana dos Duques pintava bordéis e declamava coronéis. se agradasse era paga aos papos e sopapos. dois tostões e luzes acesas. também se dava aos botões. o único inconveniente se exibia como sonata na voz dos homens: vem meu amor, eu também sei te amar...

Brasilia e Outras Artes
a arte de assinar monumentos com o próprio monumento lhe é peculiar. Brasilia tem, nela, o nome, o edifício marco da capital. reparem. o velho centenário não é míope. infelizes, não saberão nunca o valor do toque hipnótico a despertar a capacidade criativa das mãos numa cidade em forma de poesia concreta. assim como no cinema, arte muda. e o Oscar vai para...

Camille Claudel
conheci-a louca. bela obra, a cena. desgraça, o caso. vidraça, a estátua. quem viria dizê-la, pelas mãos no corpo frio querendo-o quente e nu... o negro véu, o presságio do fim incurável de uma possessão. também na esteira, uma mulher de quem se fala, cala e consente. besteira, a vida foi tão pouco a tê-la. retê-la na angústia fustigante num pé de mármore. parti com um recado a Rodin: pensa na dor de mim...

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