segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pó nos ossos.


Pó nos ossos.

Navego pensamentos sombrios
e mexo em guardados perfeitamente inúteis,
talvez algo valha no sentido observado.

Sou a sombra de uma esquiva paixão
no desvelo abominável
das marias que tecem saudades.

Caibo no desvão das coisas mortas,
prece sustentável
no peito dos sábios loucos.

Por hora moro esquizofrênica,
frenética impaciência.
Infelizmente descobri que também sou passado.

Eliane Alcântara.

8 comentários:

Murilo Lima disse...

Infelizmente, agente sempre se descobre afinal, um pouco de passado, e as vezes dói.

O bom é saber, que agente também é condenado, pelas "marias que tecem destinos", a ser o futuro de algo ou alguém, ou mesmo nosso, e isso basta.

Poetisa das mais talentosas!

Um beijo!

Anônimo disse...

somos passado, presente e futuro , recheado de passado, nossa como vc escreve um genio literaturaaaa , as mariassss

Luiz de Aquino disse...

Belíssimo poema! (o que, para mim, não é surpresa... Você é sempre muito talentosa e competente ao poetizar).

Luiz de Aquino

JMJC disse...

eeheheeh caramba o tempo passa depressa, novo ano e mais nova poesia da nossa linda poetisa! Gostei muito do poeminha! bjsssssssssssss

Paulo Castro disse...

Uma face que não te via: a veia melancólica.
Certa escuridão, certo "spleen", pra sermos baudelerianos.
Claro que na poesia podemos ser clows e pierrots, até mesmo confessionais ( que risco !), mas existe no seu texto, até na morte, um erotismo latente: não é vc que morre, o vc do eu-lírico, mas é que se torna passado aos olhos e peitos e corações do disperdício...imagino como cansa suportar "oh, linda poetisa, venha me mostrar seu 'lirismo' no msn hoje !"...hahahahahahah....daí dá no saco mesmo, bem o sei. Existe um "por enquanto morrer" que é quase como "não me torrem o saco, babacas....sou um tesão mesmo, mas não pros seus bicos de Goiabinha....".
Então some no lúgubre quarto escuro....mas nada de boba....fica bem de olho.....bem esperta, fantasminha.....ahahahahahahah.
Beijos, malandrinha.

Unknown disse...

que prazer e ler seus poemas cada vez mais admiro vc beijo

Carlos Lira disse...

Oi minha linda Eliane para comentar este seu poema iria resumir como sendo definitivo aí eu descobri que não era DEFINITIVO se me permite:

Os que pensam ter descoberto tudo a respeito do meu amor
mal sabem
que nem o próprio desconfia
que é dele essa mescla
de sentimentos encaixotados
Eliane Alcantara

Um beijo
Carlos Lira

Unknown disse...

As dores transformam-se, o aprendizado tece nas sombras as luzes de uma nova consciência que em nós transborda fluentemente. Nas coisas mortas, Eliane, nas Coisas Mortas, estão As Razões, As Ações, As Realizações, pois Elas nos dão os combustíveis eternos de nosso continuar a caminhar neste mundo que esquizofrenicamente tende a nos esquizofrenizar.

Desitiremos?

Rezaremos?

Choraremos?

NÃO!

A loucura maior é a nossa, é a loucura do não parar. Somente sendo loucos, Eliane, podemos continuar sendo o próprio futuro a aprender com o passado que ainda em nós pulsante e vivo está.