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Em uma de minhas aulas, dentre tantas onde, felizes, abordamos o assunto, a questão cultural (não estou preocupado se vão ter ou não pessoas a favor ou contra esse pequeno texto/desabafo, ou crônica hemorrágica, pois, honestamente, passei da fase de me preocupar se vão gostar ou não de mim, das coisas que escrevo ou penso... cada um com sua pena e sua dor), bom, enfim, em uma de minhas aulas meus alunos e eu paramos para analisar a Cultura e o Meio de Comunicação, e pasmem – alunos de sétima série, oitavo ano, ou seja, doze anos, que acompanho desde o sexto ano, e tivemos grandes saltos e avanços, onde discutimos Poe, lemos Pessoa, falamos de filosofia, da matéria que sou pago para lecionar, e tantas coisas mais que não fazem parte da grade curricular, mas que me vejo obrigado a expor, pois como educador, e educadores, mesmo não sabendo disso, têm a obrigação de moldar, ou lapidar, o aluno para que seu amanhã seja reflexo de sua boa educação e culturação, mesmo que em casa não haja isso.
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O fato é que nessa aula discutimos sobre algumas emissoras, desde a mais famosa, não sei por que, até a mais apelativa, emissora que adoro dar como exemplo do que é a má-educação ou a não-educação... para não dizer coisa pior... e não encher o ouvido alheio de um “VEJA...” ou “olhe quem esta de namorado novo...” ou apenas, “super pop com...” que de super só tem o nome... (não gosto de dar nomes...), e a discussão era como controlar o que aprendemos se se em casa desconstruímos todo o conhecimento defumando o cérebro diante de um aparelho, que hoje concordo ser do diabo, mesmo achando injusto atribuir a ele tal culpa, veja bem, não sou contra a televisão, pelo contrário, mas não vou dizer aqui as suas qualidades, acho que você é capaz de encontrá-las por si só.
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E no furor dessa discussão, ou apenas debate, uma de minhas alunas, sabiamente, disse, em outras palavras que os maiores culpados são as pessoas que colaboram para que programas como esses (que difamam a mulher, desabonam o poder público, ridicularizam os simples, e dentre tantas abominações), pessoas essas que se aninham no conforto de suas casas para rir, chorar ou apreciar a morte alheia na hora do jantar.
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E analisando bem, obvio que sim, a massa é a grande culpada, não precisaríamos de uma visão de raio-x para vermos que em uma casa, a mais simples, tendo como exemplo, tem em cada cômodo um aparelho de TV, outra falha da má instrução, o aparelho dividiu e afastou a família.
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Na minha época de garoto meu pai lia para nós cordéis, nos contava histórias de sua época de meninice; meu avô, veterano da segunda grande guerra, nos contava algumas coisas do front, e falava palavrões nos dez idiomas que dominava, meu irmão mais velho ouvia em seu quarto, enquanto desenhava nas paredes, The Beathes, Rolling Stones, Led Zeppelin, dentre tantas bandas que cultuo até hoje, meu pai nos mostrava a beleza de um Gonzagão, de um Nelson Gonçalves, mas também tínhamos o aparelho de TV, só que nele não víamos o AQUI E AGORA, e sei lá quais programas inúteis apareciam na minha época de jovem, sentávamos todos na sala, de paredes rústicas, e por tempos sem janelas e assistíamos VHS em um vídeo-cassete de duas cabeças (e sem controle remoto), conto isso aos meus alunos, e nos divertimos muito, e muitos deles me contam que seguirão alguns dos meus exemplos no seio de suas famílias, pois cultura não se nasce com ela e não apenas se herda, mas se muni, se nutri, se faz... cultura é adquirida através de bons exemplos.
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Termino com uma pergunta simples, você leitor, amigo, você transpira cultura aos seus (seus filhos, sobrinhos, amigos, alunos...), você se faz cultura?
Abraço.
Flávio Mello – 27/12/2008
Um comentário:
Pura e latente verdade... fico feliz de saber, e sei, que não estou só nessa luta... pena muitos não pensarem como nós... mas..
força... sempre.
abraço
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