quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Sobre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

O Legislativo
Recebi, por correio, um nobre cartão do Senador Adelmir Santana, felicitando-me pelo natal e desejando um ótimo 2009. Quem é Adelmir Santana? Li, no cartão, que é senador pelo DF. Eu não sabia, mesmo me considerando um cara informado. Virei o cartão e estava lá, para todo mundo ver, sem a menor vergonha: carta impressa e enviada pelo Senado Federal.
- ta fazendo propaganda eleitoral com dinheiro público, sujeito?
Não me importa se há leis que permitam essa safadeza, não há justificativa que valide o gasto de qualquer verba de Estado para promoção pessoal. Para que serve, ao DF, um cartão natalino, em grosso papel plastificado, todo colorido, com a foto da cara enrugada do senador? Fui tão felicitado nataliciamente que aceito corrupção constitucional?
- não, Adelmir, saquei tua treta! – Joguei o cartão no cesto de papel reciclado do meu serviço. A faxineira vende o papel para fugir da miséria, diminuindo o prejuízo nacional dessas inversões estapafúrdias do bem público. – contudo, vou ajudar a te divulgar, não era isso que queria com a porcaria do cartão? – Estalei os dedos e os posicionei sobre o teclado. – Escreverei esta croniqueta para explicar a todos os meus oito leitores sobre sua hipocrisia. Serão oito possibilidades a menos de voto. Juntamente com a minha, são nove. - vai continuar gastando o dinheiro do povo para mandar cartões de natal, “senator”*?

O Executivo
Os dias ao redor do natal são exemplos de como o sistema executivo é irresponsável. Todos sabem que existe a tal folga extra-oficial, em que os servidores públicos se revezam no serviço para curtirem as festas. Na repartição, apenas metade das pessoas. Até ai, sem problemas – é igual no mundo privado. O que incomoda é que as coisas continuam funcionando.
Sim, o problema é que apenas a metade dos servidores é capaz de produzir o mesmo que o quadro completo. É de se supor que nos dias normais a quantidade de serviço seja o dobro, mas não acontece assim. No dia-a-dia o servidor se acomoda, fica indolente, não há estímulo pois não há cobrança. Ninguém bate no peito e diz: hei, vamos botar essa joça para funcionar! Nossos clientes são as pessoas mais importantes do país, são os contribuintes. O trabalho se arrasta eternamente, ninguém se importa.

O Judiciário
No dia 22/12/2008, o desembargador do TJDFT Mario Machado publicou um artigo no Correio Braziliense com o título Que juiz você deseja? Obviamente li o texto com atenção, um anarquista como eu não perderia a chance para questionar filosoficamente a teoria de estado baseado no sistema jurídico.
Qual não foi minha surpresa ao perceber que o desembargador tratava somente do aumento do subsídio dos juízes? Ele falava que recebem menos do que valem em relação à sociedade civil. Ao final, perguntava AOS PARLAMENTARES que juiz eles desejavam. Mais uma vez me surpreendi, achei que ele dialogasse com as pessoas comuns, já que estava num jornal e não numa publicação especializada. Resolvi responder, mesmo que minha opinião (e a dos outros cidadãos brasileiros) não importe:
- não queremos juízes como você, Mario! – Pensei em citar a pilhéria com o armário, mas ele poderia ficar ofendido. Juízes são muito sensíveis. - que se importam mais com seus os próprios benefícios que com a qualidade do seu trabalho. – Ainda estava tentado a fazer gracejos. – além disso, nós, anarquistas, não confiamos em juízes profissionais, que aplicam a lei fria e morta, sem olhar para as pessoas humanas. – Conclui, altaneiro, para quebrar a sensação de sacanagem.
Se o moço considera que recebe pouco para a importância que tem na sociedade, que corrobore essa mais-valia com argumentos plausíveis, no artigo havia apenas confete. Se basearmos a qualidade da justiça brasileira na certeza das decisões ou no alcance das punições, quaisquer “mil-réis” que o juiz receber é mais do que suficiente!
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* é o título do Lorde do Mal em Guerra nas Estrelas

3 comentários:

Glauber Vieira disse...

Bem pertinente. Tive o mesmo pensamento que você quando recebi o cartão não só do senador, mas também do Arruda (e duas vezes).

Além de gastar dinheiro com isso, é o tipo de forçação de amizade hipócrita: afinal, nem todos comemoram o Natal e, se a pessoa for muçulmana ou judia, nem mesmo o Ano Novo, pois o calendário deles é diferente do gregoriano.

Giovani Iemini disse...

hehehe, é, parceiro glauber, ser brasileiro dá vergonha!

Anônimo disse...

UAU! cara corajoso, vc, dando nomes aos boys....
Em geral se lê esse tipo de crítica mais genericazinha, em q o cara critica e se protege...