domingo, 1 de fevereiro de 2009

Liberdade Condicional




Me Morte. Emblemática, misteriosa, paradoxal, lúbrica, criativa, escritora, mulher. Me Morte, a mulher de burka, inseparável, contraditória, interessante burka. Me Morte, a mulher que desperta os pensamentos mais loucos e faz fervilharem os hormônios masculinos, especialmente quando sobrevém a constatação inevitável de que embaixo daquela negra burka, existe uma mente brilhante e apaixonante.Esbarrei com Me Morte, casualmente, numa de minhas incursões internéticas, quando pesquisava comunidades góticas no site de relacionamentos Orkut. Aquela figura estranha, com grandes olhos e indumentária muçulmana chamou minha atenção. “Fuçando” suas comunidades, cheguei ao Bar do Escritor, onde tive o prazer de ler vários poemas e contos por ela escritos. Daí, veio a agradável surpresa: não é que aquela mulher – que de muçulmana-talibã-xiita só tinha os trajes – tinha talento? Dona de um estilo peculiaríssimo, Me Morte aborda, com destreza, arrojo, precisão e uma boa dose de refinado humor negro, temas conflitantes e por vezes antagônicos, como amor, ódio, vida, morte, traição, ciúme, avareza, crueldade, beleza, virtude e sexo, muito sexo. Tudo isso “sin perder la ternura jamás”. O sentimento, a emoção, o sublime está sempre presente em sua obra. Me Morte não é uma personagem, é humana, demasiado humana.E é essa explosão de criatividade que nos chega agora em forma de E-book. “Liberdade Condicional” narra a história de Paulo e Falcão, policiais civis de Belo Horizonte, os quais, estressados com sua desgastante rotina profissional, decidem tirar férias e refugiar-se num rancho localizado num canto esquecido da zona rural, longe do corre-corre urbano, dos crimes, dos problemas, das ocorrências, do delegado e... das esposas. Entretanto, o plano dá errado, ambos não conseguem distanciar-se da delegacia nem tampouco de suas respectivas mulheres. As aprazíveis e merecidíssimas férias tornam-se um “revival” narrativo de crimes investigados por eles. Aliás, casos bem interessantes. Como o de Luíza, cujo clitóris foi arrancado com os dentes durante uma “cheirada”, com uma cena em particular, das mais originais:“... O que vai fazer? Onde está minha sobrinha? O que fez com ela seu louco? Ele pegou uma colher de carne moída da bacia de cima do balcão e direcionou até perto de meus lábios com um sorriso no rosto. Não! Você é louco! Diga que não é ela... Abra a boca... Vamos! Abra a boca, sua cadela...”
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Carlos Cruz
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Um comentário:

Deveras disse...

Pô, muito maneiro... Sorte com a bagaça. Vou baixá-lo depois e ver a obra.

ficanapaz