sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sobre amores e cajus


Sabia amor que um cajueiro demora até cinco anos para dar frutos?
Eu esperei. Não que tenha esperado com afinco. Eu joguei a semente na terra e reguei por muito tempo aguardando um sinal, mas eu não conseguia observar as raízes se espreguiçando na terra.
Meu cajueiro tornou-se uma lembrança cada vez mais distante. Raramente eu olhava o frágil caule quase desfolhado . Confesso que sempre confiei na chuva.
Existem outras árvores na vida, meu amor! E quando eu sentia tédio eu esparramava sementes pra me distrair.
Nem tudo vingou no meu pomar. Algumas deram poucos frutos que logo apodreciam e não era viável investir tempo e amor em cultivá-las. Outras, apesar dos bons frutos, morrem cedo. E a gente chora feito Zezé lastimando seu pé de laranja lima.
E de caju em caju eu lembrava do meu cajueiro. E foi um dia triste quando constatei que não sabia mais onde eu havia deixado as raízes dele. E por mais que eu percorresse meu quintal eu não conseguia lembrar e nem encontrar vestígios. Eu não conhecia um pé de caju.
Eu esperava os julhos com esperança em ver algum esboço de castanhas. Mas não havia.
Nem todos os cajueiros são iguais. Do meu cajueiro muitos querem saber. Eu conto apenas pra quem possa acreditar que um cajueiro pode frutificar depois de vinte anos, no outono e inexplicavelmente na minha cama.

3 comentários:

Emilene Lopes disse...

Te expressas de uma forma divina, nos faz viajar...
Abraços!
Mila

Edicleia Queiroz disse...

Amei! Perfeito!
O texgto expressa amor do inicio ao fim, de forma divina...ameii

Anônimo disse...

que lindo seu olhar sobre o cajueiro... beleza e metáfora; sensibilidade leveza.
adorei!