segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Escolhas

a rasgar pétalas
apanhadas do vento
giro, giro
entonteço, entorpeço
mas toda lágrima tem um preço
e sal

rimas, nem as busco
tenho andado um tanto dispersivo
talvez pelo pólen que me brilha nos olhos
por isso me agarro a grãos de areia

não é o vinho
nem sua mancha

fantasmas habitam em árvores
e nas paredes mora um passado
percorro olhares como um instante
mas instantes não existem mais

pássaros, sim os pássaros

então me distraio com livros e formigas
há dois contos e um menino perdido na página trinta

nuvens, sempre as nuvens

eu calo por não saber gritar
mas minha arma está carregada de palavras
agora entendo aqueles trens
que percorrem trilhos de cristal
e sempre partem

ingresso nessa frágil viagem

caminhos
quantas vezes precisei deles

(Celso Mendes)

6 comentários:

Sérgio Cazu disse...

Esplêndido, sublime e delicado, uma dança suave com os versos.
Muito belo,
Aquele abraço!

Celso Mendes disse...

Muito obrigado, Sérgio! Feliz com seu comentário..

Abraços!

Erika disse...

"eu calo por não saber gritar
mas minha arma está carregada de palavras"

gostei muito!

Celso Mendes disse...

Obrigado, Erika. Devaneios escritos e documentados. Algumas loucuras e viagens...

Dani disse...

e a gente sabe exatamente o valor de cada lágrima.

muito lindo :)

miadinhos do Beco.

Celso Mendes disse...

É isso mesmo Dani. Obrigado pelo comentário...