Sou subsíndico de um
prédio da asa norte que realizará reforma. Em reunião com a
Comissão de Obras, fomos informados que o empreiteiro contratado
pagou à administração do Plano para aprovar o projeto de
construção. Reagi dizendo que aquilo era corrupção, não
poderíamos aceitar. Uma membra da comissão respondeu que não via
problema algum em utilizar nossa maior capacidade econômica para
adiantar a posição na lista de avaliação de projetos. Pirei! Aos
gritos, mostrei que aquela atitude era a mesma que desaprovamos em
políticos e governantes malandros. A senhora tentou se justificar,
afirmando que simplesmente contrataram um “despachante”, como se
estivéssemos num terreiro de macumba. Em minha completa indignação,
ameacei denunciar o fato caso a situação se firmasse. A tal senhora
chorou e esperneou, igual à promotora tão noticiada nesta cidade,
mas não arreiguei. Morro lascado mas não me maculo. Decidimos por
cobrar explicações do empreiteiro.
Mas o pior estava por
vir. Ao final da reunião, a síndica me chamou de lado e
falou:”lembra, algum tempo atrás, que recolhemos assinaturas para
o projeto de lei da Ficha Limpa?” Nossa quadra fez parte da
movimentação nacional para aprovar a lei. “Pois foi essa senhora
que trouxe da Unb o projeto para recolhermos assinaturas.” Fiquei
pasmo. Estava ali a hipocrisia nacional manifestada. Só pude, então,
resmungar entredentes: “precisamos limpar a cozinha antes de
reclamarmos do vizinho.”
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Giovani mora em Brasília, capital do Brasil, no Plano Piloto, que é Patrimônio da Humanidade e protegido pelo IPHAN, mas tá longe de ser um lugar civilizado.
Um comentário:
Cara, sei que não é cristão, mas tem uma frase na Bíblia que resume bem esse seu pensamento: como olhar para o cisco da outra pessoa se existe uma trave em nossos olhos?
Pois é isso que fez a tal vizinha...
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