domingo, 15 de maio de 2011
Incompletudes
Escrito por
Celso Mendes
já tenho em minha carne
o rangido franco,
frio
e solitário
das horas
indivisíveis.
não mais
me demoro os dedos
sobre o fio da faca
na tangência
de um tempo
que não tenho,
pois que me adormece a luz
nas mãos espalmadas,
privadas de palavras
em um silêncio imortal
que se imprime absoluto.
abasteço,
recorrentemente,
a incompletude desta loucura
com teus olhos fugidios,
insistentemente sádicos
: olhos de amassar maçãs
e envenenar riachos lacrimosos.
e é quando as auroras
se transfiguram
em dias cinzentos
que me doo à chuva.
neste então me voltas,
sob a rama deste ipê,
tal um espectro
entre pétalas violáceas
a me contar
que inda existo.
(Celso Mendes)
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6 comentários:
Uma bela Ode para se dita no Congresso Nacional por ocasião da votação do Código Florestal.
Celso, já conhecia esse trabalho seu, mas a cada vez que o leio, descubro algo novo, inusitado, mágico aos olhos. Parabéns! Beijo grande!
Deah.
Passei por aqui e adorei ler! Tb a minha poesia vai tomando vodka com formicida, ainda não morreu, mas também , como se diz em Portugal, não lambo botas a ninguém :)
Parabéns!
Voltei de novo para lhe agradecer a gentileza da sua visita e do seu comentário.
Muito e muito obrigada :))
Esse poema é belo e cheio de passagens naturais interessantes, me transportou a climas de regiões rurais e a sentimentos distantes dos que estou acostumado a sentir.
Só tenho uma palavra: sensacional!
Brincou com as palavras e com os sentidos de forma magnífica.
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