quarta-feira, 21 de março de 2012

witch girl

“Não sei se te trouxe ao lugar certo”, disse, duvidando impressioná-la com algo menos sofisticado. Peça rara inclinou-se às folhas verdes que lhes cobriam do sol naquela tarde quente, dando-lhe à entender tudo estar completo e suficiente. Encantou-se. Alguma conversa até chegarem às conclusões que queriam.
Entusiasmada, mostrava-lhe fotos: da sobrinha amada, da casa que construíra. Como poderia o garoto imaginar? Vertiginosa, cobra venenosa. “O oceano, todo seu”, dizia. E gostava, muito embora.
Malucos criam nos astros, em números, são movidos por eles. No rosto pálido de pele estreita e delicada esticada sobre os ossos da face percebia sua avidez adormecida. Ó, dama de honra dos festivais. Jamais viu graça na abundância das beldades, garoto inteligente prefere a não vulgaridade que acompanha os aromas da essência. Dar-lhe-ia, decidiu. O amor, dizia ele. Talvez fosse este o grande legado, o pecado que iria infernizá-lo. O amor. Olhava-o com esquisita ternura, como se escondesse algo, a sibila que encontrara o servo. Como poderia ele imaginar? Garoto complicado esse, que de nada entendia. Anos de luta haveriam de recompensá-la, mas não entendia.
Inebriados de vinho faziam planos, analisavam os números e a movimentação astral. Ela sabia. Debruçada sobre seu colo, prometia-lhe as vontades. Quase um sadismo mútuo. Então, o brinde que precedesse à entrega e mais uma garrafa vazia de vinho no canto do quarto. Amorinho, dizia, como se encontrasse dentro dos olhos cristalizados na córnea de criança o seu diamante eterno que ansiava, fica mais, vai ficando. Para ele uma flor. Uma flor que haveria de regar e cuidar pelo resto dos dias. Com amor, porém, insistia.
Admirava-a com muita força, o garoto. Fruto de um meio amável, sem querer politizou-se. Aprendeu sobre os Maias, Incas e tudo que não prestou atenção no colégio. Onde entraria o amor? As guerras, fria, mundiais, os motivos. Já sabia demais, o garoto. Em sua inércia porém, lamentava-se o passado insólito. Amorinho, ela então vinha, me deixa não. Claro que não deixaria, ele, tamanha sua adoração. Eu não quis, desculpava-se, desviando o pensamento por segundos sobre alpha, marte. Como a naja que tem sua presa à mercê, hipnotizava com a ciência. Nada do que se desculpar, vem cá, vem, e então cedia. Outra garrafa de vinho vazia. “O amor, não se esqueça”, lembrava-lhe, insistente, desejando que o relógio parasse. E ambos entorpeciam-se com seus venenos.

2 comentários:

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Ei!
Ola, tenho uma pergunta
Pode me dizer porque
comentou la no dia 23
que é meu dia de escrevinhar Se o nosso Bar
esta sofrendo ataque alienígena?
Fiquei pensando se é comigo, pois posto no Bar ja ha mais de 2 anos.

Anônimo disse...

não diria ataque... tentando um contato, interagir etc...
claro que não é nada contigo, né