sexta-feira, 1 de junho de 2012

facebooksídio

Sim, confesso: desisti covardente. Eu pensava nisso há tempos, não via sentido em continuar, estava sem alternativa. A intenção já pairava quando as relações se confundiram com falta de privacidade, este bem tão necessário porém renunciado pela modernidade tecnológica, tão longe e tão perto de tudo e de nada, que me parecia orgulho mas é insubstituível se perdida. A concretização deu-se quando minha intimidade se foi. Deixei de ser eu mesmo para me tornar alguém que achavam que eu era. Não me compreendiam! O que pra mim era singeleza, para outros era prepotência. Eu me achava direto e prático, mas me viam como grosso e antipático. Me vi julgado por coisas que não fiz, condenado por palavras que não disse, execrado por ser quem não sou. Me avaliaram parcialmente, me transformei, mesmo sem saber, em outro, meu perfil tornou-se non grato. Além disso, o registro infindável de futilidades desfilando como num carrosel de vaidades me parecia injustificável. Eu me via como numa mesa de bar alvo da panfletagem irrefreável dos ávidos por atenção. Embriagado, sufocado e entediado. Gastei eras tentando manter o interesse, ver o que os outros tanto apreciam, buscando essa incerta curiosidade do futuro, entretanto, me restava somente a amargura das vontades desfeitas e a melancolia da explicação não compreendida. Eu tentei, mas não deu. A pressão estava enorme. É claro que não aguentava mais.
Cometi facebooksídio!
Achava que seria o fim, mas foi o contrário, os descrentes estavam errados, a vida não acaba. Na verdade, inicia-se uma fase surpreendente. O dia fica gigante, há tempo para realizar o antes impensável. As possibilidades são imensas. Penso em malhar. Talvez escrever um livro. Quem sabe encontro um novo ambiente em que meus amigos se reconheçam, que nos reúna novamente, mas que não se torne apenas outra rede virtual do esgoto da humanidade.
Adeus.

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texto publicado originalmente no blog Bastardos do Velho Safado.

10 comentários:

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Huahua.
Sabia que vinha isso...primeiro voce sumiu...
agora
o ato!
Bom de mais.
Garanto a você que não fará falta.
Sinto que um dia tambem farei.
Mas pra mim o face mostrou um outro Giovani,
o real, confesso que antes voce
era um ser distante...
Agora ja não preciso mais de face pra isso,voe é gente
pra caramba.
Boa malhação...huahuahua

Glauber Vieira disse...

Pois é, já tinha percebido, rsrs. O Face realmente tem informação demais, inclusive coisas que o usuário não pede. O Orkut é mais fácil de trabalhar. Algo que realmente tenho simpatia é o Twitter, justamente pela simplicidade. De qualquer forma, a gente vai matendo contato: ainda temos controle sobre nossa contas de e-mail e blogs.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

uehauehua... da hora!
viva o blogspot! \o/

Lia disse...

Gostei muito!
E não ficou tão triste quanto eu quando soube, mas não posso ficar com ele se não há amor. Isso seria ainda pior. Beijo

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Voces dizem que
AINDA
temos controle.
Percebam que eles ja tem mudado...
eu por exemplo não quero uma interface nova.Lembram que no orkut era assim? Tentavam, um dia impuseram...

Jefferson Reis disse...

Durante anos tentei fazer amigos. Não obtive sucesso algum. Fui uma criança tão solitária. Minha sorte foi conhecer a internet. Aqui, posso conhecer pessoas parecidas comigo, diferente dessas que me cercam em minha cidade, nas ruas, nos corredores da universidade, tão diferentes de mim. Com a internet não me sinto tão só.

guiomar barba disse...

Muita alma no seu blog. Gosto do abstrato, do subjetivo...


SEREI SEMPRE EU

Se descobres a minha nudez
Pelo prazer de mostrá-la
Não estarias cobrindo a tua
Com os meus próprios trapos?

Não te escondas sob meus trapos
Pelo pavor de que te vejam nu
Porque por serem tão meus estes trapos
Serão reconhecidos por quem me ama.

Afasta a tua culpa, e vê bem a tua nudez,
Ela estará menos feia que meus trapos.
A transparência sempre é cheia de luz,
Ou deixa que te amem com teus próprios trapos.

Se a forma com que te mostrares
Afastar os teus “melhores amigos”
Não sofras, não lamentes, entendas
Eles ainda não estão prontos para amar.

Por Guiomar Barba.

Carlos Cruz disse...

puxa ferro, chefe!

Araan disse...

Bom dia, amigo
Obrigada pela sua visita em meu blog
e pelo seu carinho
Gostei muito do seu blog
Abraços