quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Pulha Previdente




Olhar vazio como a vida, divisou embaçado o volver trágico e lânguido da pistola, da bolsa à boca. Indiferente como todo citadino que não se preza, não moveu palha. Apenas e tão-só um leve tremor natural ante o estrépito causado pelo disparo. Tão natural quanto a queda e o decúbito dorsal da infeliz. Por alguns segundos parcos, aquela barriga proeminente sob o vestido estampado com flores amarelas, aqueles olhos celestes-suplicantes alvoroçaram com flashes pardacentos e tortos seus pensamentos. Um balouçar de tronco mais um alçar de mãos afastaram o demônio da confusão, destrutivo que ele só. Vade retro, Satanás! Afastou-se, rumo ao seu habitat, agradável e sujo, frio e familiar, para encontrar os irmãos de caras pétreas, miseráveis e iguais. Um desgraçado filho da puta a menos no mundo - refletiu - e viu que era bom.

Carlos Cruz - 06/06/2012

6 comentários:

Giovani Iemini disse...

um cc puro.

Araan disse...

Belo blog
Abraços!!!

Filha de Morpheu disse...

Fazia tempo que eu nao passava por aqui, vou sentar na mesa do canto e colocar a leitura em dia , com licença!... rs
Bjs..

MARIA DA FONTE disse...

Excelente texto, adorei. Parabéns pela sua escrita.
abraços

Júlio Freitas disse...

Bagual!

jaime aus giruá disse...

Das ist gemein.