terça-feira, 24 de julho de 2012

Sem lenço




Pra onde você vai? 

- Vou vadiar por aí! Sair sem destino, decidir com o vento, ir ao léu. Era assim que fazia. Fazia! Nunca sabia de verdade o que eu iria fazer quando resolvia andar por aí. Eu podia. Nada e nem ninguém para justificar minha ausência. 
Por muito tempo fui um sem destino; um peregrino de mim mesmo. Até que a responsabilidade chegou. Obrigações e deveres passaram fazer parte da pauta do dia. Mas mesmo assim, ainda continuei de uma maneira ou de outra, sem destino; sem dá muita satisfação de minha vida. Sempre gostei da minha vida de vadio. Acho que por isso fui morar sozinho tão cedo.  Mas o destino achou melhor me colocar um laço. O nó só se desfez depois de oito anos e o laço desfeito voou por aí, seguiu o vento, entrou em olhos de furacões; planou em altitudes desoxigenadas;  criou formas; espiralou-se, prendeu-se em galhos altos, navegou em noites orvalhadas, em dias nublados e como tinha que ser, foi com o vento por aí. Viajou em sonhos e realidades. No entanto o destino de um laço é ser um laço e não somente uma fita.
Pra onde você vai?
- Vou andar por aí. Quem sabe eu encontre alguém que saiba fazer um laço.

10 comentários:

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Paulo...
Nunca pude ser livre nesse sentido
de ir por ai fisicamente.
Cedinho me fizeram adulta e se encarregaram de cortar o que parecesse asa.
Mas minh'Alma essa sempre foi livre
e foi ai que aprendi a escrever,
a compor
e nunca mais fui presa a nada , nem a lugar algum,
apenas não consegui me libertar
de gostar de gente...
ia ser bom se conseguisse,
mas não quero nem tentar.
Hoje escrever é meu caminho apontado para adiante
sempre
e sempre entre sonhos e delírios.
Bjins

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

De três irmãs, fui a única que se desgrudou da saia da mãe...Nessa crônica, vi um pouco de mim. Hoje tenho uma Cadeirinha de Arruar que, mesmo parada, me faz viajar, ao menos pelo tempo de outrora, trazendo as recordações.
Obrigada, por partilhar um pouco de sua saudável vadiagem...
Um abraço,
da Lúcia

Cris Campos disse...

Toda fita um dia vira laço, não porque escolha, não porque procure, mas porque, assim, ela segue o curso da vida que acaba por torná-la mais bela. Gr. Bj. meu querido! Bom te ler no espairecer da mente.

Anônimo disse...

Mesmo vadiando,mesmo desfazendo e procurando laços,vc é um terno Amigo,
Poeta em tudo o que escreve!
Beijo.
isa.

Simone MartinS2 disse...

Boa noite...Bela viagem voce esta fazendo, sem laços, sem lenço, sem documento...Mas saiba que, as vezes, os nós se entrelaçam e se unem novamente para tentar, quem sabe, dar novos laços e enfeitar a vida da gente! Em outros tempos, penso que, se fosse mais jovem e tivesse a experiencia de hoje, não manteria laços tambem, seria uma perdida no tempo e nas viagens pelo tempo, sem rumo, sem direção, mas hoje, quero calmaria, laços que me mantenham numa rotina tranquila...Abraços e curta bem essa liberdade sem laços!

Milton Alves disse...

O amigo como sempre arrebentando!
Abraço forte e curta bastante!

Unknown disse...

Lindos poemas Sílvio. Obrigada por ter ido lá no meu cantinho...amei ter vindo retribuir. Lindo final de semana...até a próxima!

Audrey Andrade disse...

Vadiar, simplesmente vadiar... fazer fita virar laço e enfeitar! Oh, delícia!

Um afago!
http://pequenocaminho.blogspot.com

Unknown disse...

Muito bom o seu texto professor.
Também sou Biólogo, mas atuo como professor de Química a muitos anos.
E escrevo poesias, contos, crônicas e haicais nas horas vagas.

http://didimogusmao.blogspot.com.br/

ValeriaC disse...

E assim é você, Paulo..espontâneo, livre, solto como o vento... não sei se você vai encontrar facilmente alguém pelo seu caminho que só queira fazer contigo, um laço... as pessoas geralmente quando encontram o outro, querem logo fazer um nó, mas, mal sabem elas, que fazer nós, é caminho para não dar certo...e esse alguém, vai acabar por te perder...
Beijos querido Poeta,
Valéria