Eu sou aquele que de pés rachados
veio do meio do nada,
da vastidão do cerrado
da suculência da carnaúba
e do caroço do pequi:
foi ali que me formei
foi ali que nasci
Eu sou aquele que não toma mais a “bença”
nem dança a catira
não por orgulho
nem falta de crença;
mas por este modernismo suburbano
que me entope as veias
e me fez pensar quando aqui cheguei
que era um anjo ao contrário, de asa preguiçosa
e que de arte em arte se tornaria gauche:
“Vai Tião, vai se lascar nessa vida horrorosa...”
Eu sou aquele menino feio do viaduto da Redenção
que atravessa os becos escuros do centro
que corre apavorado contra o vento
que varre frio a Av. Goiás abandonada
a cidade desacordada
tentando se salvar de si mesmo
Eu sou aquele homem-batráquio
que acreditou no vôo do sapo
e um dia tentou voar
mas se esqueceu que sapo não voa
que anuros foram feitos para pular:
dei meus pulos,
fiz meus corres,
engoli moscas e sapos
atravessei alamedas e paços
ainda tentando encontrar
alguém que tenha o mesmo DNA que o meu
Um comentário:
Parafraseei dois grandes poetas neste exercício...
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