Memórias rasgadas
Aparentemente apagadas
Tinta bruta permanente
Permanentemente afiada
Sangra o que não deve
Porém, o que não se percebe
É o gosto...gostoso
De quem gosta do desgosto
De quem sente o assombro
De tudo que não lhe convém
Quando na melhor companhia
A solidão lhe cai bem
Memórias anuviadas
Pela tinta que dimana
E mancha a marcha do tempo
Que devagar flui como um rio...sedento
Sangria desenfreada
Sanguessugas da alma
Das almas penadas que somos nós
Sozinhos em nossos lençóis
Espelho meu abdica desta farsa
E só reflita o que for verdadeiro
Sem truques, caras e bocas
Apenas a face hermética...ainda presa no cativeiro
Antirreflexo da felicidade
Que não suporta o fim...start da vaidade
Mesmo não entendendo
Que o mesmo está ao lado de cada início inesperado
Continua...
Antirreflexo II (tabula rasa)
Constrói a história do tempo
O tempo que se inicia após o fim inesperado
Já que juntos cursam por toda a eternidade
E combatem o antirreflexo da felicidade
Feliz seja tudo que lhe convém
E o que não...amadureça longe do seu quintal
Seja feliz mesmo que não convenha
Pois o que se colhe verde apodrece no final
Grandes novidades no museu da alma
Pinturas, musas e esculturas...de carne
A entrada é franca...ou quase nada
Apenas deixe para trás a tinta já usada
Somos tabulas-rasas prontas
Prontamente inconscientes do que nos espera
O certo é que o preenchimento é inevitável
Inevitavelmente recobre as manchas de outra era
Uma semente cresce em seu jardim
Florestas voltamos a ser
Pois mesmo em terrenos inóspitos ouve-se o toque do clarim
Proclamando que voltamos a ter...o que nos faltava...ser
Hoje, nem tintas afiadas
Nem tabulas-rasas
O preenchimento inevitável aconteceu
Assim é você...assim sou eu
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