domingo, 15 de setembro de 2013

Rendição

Estou cansado de fugir... / Se eu fosse um criminoso, / Me entregaria... / E, paradoxalmente, /As grades e o concreto / Trariam a proteção não encontrada / Ao ar livre, ao céu aberto... / Mas não cometi nenhum crime! / E a culpa? / A culpa vem do fato de eu ser / Dubiamente / Eu(s) mesmo(s)... / E apesar do entendimento, / De todo os reveladores / “Insigths” de auto-conhecimento, / O que resta? / Resta a vontade de erguer / As mãos ao alto / Num gesto de impotência / Ser algemado, coagido / Ser conduzido / A uma cela solitária / Com paredes cruas / E a um pôr-de-sol que nasce / Entre barras de ferro / Um pequeno quadrado emoldurando o céu infinito... / (A paz dos condenados, / O estancar do tempo / Em uma pena perpétua...) / Por quê? Como dizia o poeta: / “Por tanto amor / Por tanta paixão / A vida me fez assim... / Doce ou atroz, / Manso ou feroz, / Eu, caçador de mim...” / Caça e caçador, diria outro cantor... / E eu? / Eu me rendo... (Publicado originalmente em meu blog "Cielo Tormentoso" em outubro de 2008).