Matheus Costa
Ali seu Zé cantarolavaAssobiava um samba
E descansava o pé sobre o poste
Enquanto esperava o sinal fechar.
D'outro lado dona Maria
Pensava nas unhas
E ajeitava a saia curtinha
Que os carros ajudavam a subir.
Num arruma-arruma do que olhar
As coxas brasileiras da Maria
Deram força ao samba do Zé
Embaladas num molejo discreto e safadinho.
Das coxas facinho subiu pros seios
E pra boca e pros olhos
Um amor quase à primeira vista
– Das coxas pros olhos.
E se olhando continuaram
Disfarçando o sorriso
Dos olhos risonhos
– Eles já podiam se casar.
Aí, num súbito de sede e cegueira
Sem desgrudar os olhos dos olhos
A Maria confiou no Zé
Que confiou na Maria primeiro:
Atravessaram a rua assim
Se olhando e se olhando
E torcendo por um esbarrão
Que acabou um caminhão por fazer.
11 comentários:
eu devo ser um idiota sentimental, mas eu realmente gostei
"A Maria confiou no Zé
Que confiou na Maria primeiro"
cara, isso foi ótimo
parabéns
Eu acho que você escolheu bem.Esse é um dos seus que eu mais gosto.Parabéns Matheus, atual, moderno, como você.Beijão
Poisé, muito diferente e curioso. O final, bem conduzido, lembra a marginália infeliz que parece impedida de se realizar.
Quando vi o jeitão de poesia minhas luzes internas de rejeição sinalizaram vermelho. Li só um trechinho e mais um e outro mais.
Leitura saborosa. Li e apreciei até o fim. Tanto quanto uma cachaça de alambique.
"D'outro lado dona Maria
Pensava nas unhas
E ajeitava a saia curtinha
Que os carros ajudavam a subir".
Amei estes versos.
Um poema/crônica se é que isto existe.
Meus parabéns!
hehehe!Muito bom Matheus, apesar do final trágico. E felicidade plena nao existe e teu poema nem é novala da Globo.
Rapaz, só achei estranho aquela fala ali, com travessão e tudo.
Rapaz, você e os demais estão com sorte.
Sumiram com a possibilidade de haver comentários na minha crônica.
Vou perguntar para o Barman né?Acho ele talvez saiba onde se deu a falha técinica.
hehehehehe
heheheheeh!
Reitero o que já disse um dia: Curto prá caramba este poema. Mas continuo sem conhecer a tal música...
ficanapaz!
Gostei! O poeminha é bem leve e bem conduzido. O final é e não é trágico. Da forma como o Matheus conduziu, com bom humor e ginga, a coisa ficou mais engraçada do que violenta. :-)
Eu não gostei muito do verso "D'outro lado dona Maria". Não sei, mas achei a contração um pouco deslocada da estética do poema. Além disso, ela me remete mais a um "de outro lado" do que "do outro lado"... Bem, só um pitaco deste detalhista incorrigível que humildemente vos fala. ;-)
Fantástico!!! Um poema estilo crônica. Gostei e muito!
Bom texto, bem desenvolvido, e , sobretudo , brasileiro sem recair na armadilha do Regionalismo.
Um de seus "escritores" COPIOU meu texto inteiro!!!!!
Eu quero a retirada do texto e um pedido de desculpas!!!!
MEU TEXTO: RELÓGIOS – PUBLICADO EM 27/02/2007
A CÓPIA: Terça-feira, 13 de Março de 2007
Mente humana?
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