segunda-feira, 16 de abril de 2007

Solidão&Consciência, Pênis&Bundas.


O dia amanhecia sem raios de sol, sem o calor aquecendo o ar, sem risos, sem choros.
Mais uma madrugada passada entre quatro paredes e, durante boa parte dela o único clarão da existência foi a tela do meu do monitor.
O cérebro não parava de pensar e até quando mijei eu pensei, olhando pro meu pau, tentando recordar se já fora maior. Eu o olhava, olhava e por mais que tentasse eu não conseguia saber ao certo. E isso começava se tornar preocupante e a gente se pega sendo tocado pela velhice e começa ver problemas em tudo e essa questão do tamanho do pau nem é por achar qual é o tipo de impressão que posso estar causando às mulheres ,afinal, P, M ou G, ele tem cumprido a sua finalidade. E, em não sendo esssa a justificativa, só me restou a opção de achar que era uma questão de amor próprio ou de autopreservação de mim mesmo. Mais ou menos como se eu olhasse pra Dona Natureza com cara de poucos amigos e lhe perguntasse : - Mas que merda! vai encolher o meu pau por que? o que ele tem a ver com isso?- E a Dona Natureza, risinhos besta e ar de sacana me fulminaria:
- O tempo é inexorável com todos, meu bom velhinho!-
E aí a gente percebe que nada há a ser feito. Então, eu continuo olhando-o e questiono se as mulheres sofrem das mesmas preocupações. E tentando me colocar no lugar de uma delas me ocorre que sim. Acho que elas deslizam as mãos em si e apalpam os seios e inspecionam o volume e a flacidez da carne. Em seguida verificam as formas das pernas e olham pelo espelho e esperam ver no fomato das nádegas algo que ainda possa ser atraente, se ainda são altas ou arrebitas. E, qualquer que seja o resultado, a memória se fixará em alguns anos anteriores e elas se recordarão que o conjunto fora mais vigoroso, mais esbelto. Relembrarão o bumbum empinado e firme, e o quanto ele deixava um sujeito mauluco só em vê-la passar no justíssimo jeans. Então chego a conclusão que a Dona Natureza é implacável e que tentamos ludibriá-la com a tecnologia da estética. E nesse campo, há cirurgiões e esteticistas pra todos os paladares e então dá-lhe plástica, silicone, lipoaspiração, botox e outros bichos. Nas mesmo assim, quando optam por um desses caminhos, sabem que a manutenção é obrigatória e tão importante quanto ao ato da "reforma" em si. E aí?
Bom, aí só ao abastado financeiramente falando, sob pena de assim não o fizer de ver a emenda ter saído pior que o soneto. Mas como essa possibilidade e destinada a poucos privilegiados, sabemos nós, os pobres e meros mortais, que trilharemos o caminho da naturalidade e, que ela, soberana, nos fará sentir a ação do tempo.
Bem, afinal não era bem sobre isso que estava pretendendo falar e sim, tentar encontrar algum significado pra nostálgica solidão.
Sou solitário por opção e as vezes, zanzando por aí, lendo uma coisa ou outra internet afora, deparei-me com uma crônica de um escritor onde ele diz categoricamente que prefere os animais aos homens. Como ele não mais se encontra entre nós, se torna impossivel perguntar-lhe se o seu cachorro assaltasse a comida da sua geladeira, se vestisse as suas roupas, sapatos, ou o seu gato mijasse fora do vaso sanitário e defecasse em cima da louça do jantar, se ele manteria a mesma opinião. Eu acredito que não. Claro que nós amamos os animais e principalmente os nossos mas, a grande vantagem que eles levam sobre nós é o fato que geralmente só atacam quando se sentem acuados e ameçados na sua preservação da espécie. E isso os torna únicos e bem diferentes de nós que, não necessitamos sentir-nos ameaçados para poder atacar e destruir. E um fator leva a outro e então percebo no que nos tornamos e passo a admitir a nossa hipocrisia quando falamos que devemos ajudar e amar o próximo como se fora nós mesmos. Falamos, emocionamo-nos, fazemos até programas de TV e somos capazes de derrubar algumas lágrimas mas não compartilhamos o que é nosso e, mesmo que sejamos essencialmente bons, uma ou outra vez vamos nos pegar na contravenção daquilo tudo que dizemos defender. E por mais que briguemos com nossos "EU" sacamos que somos humanos, portanto,inconstantes e, mesmo na eventualidade de sermos bons, haveremos, uma hora ou outra, de ser mesquinhos e maldosos. Mas como,genéticamente, somos portadores de alguma astúcia e malandagem, sempre procuraremos usar as situações que possam nos favorecer e, mesmo não gostando de admitir, sabemos que nos justificamos em velhos ditados, tal como o “olho por olho e dente por dente” para abrandar a expressão e a sede da nossa vingança.
Com isso, concluo o seguinte; Nunca deveremos esperar muito de nós e, imaginarmo-nos lineares o tempo inteiro é mera utopia.
Somos e havemos de ser tal qual os dias. Uns serão belos e ensolarados e outros, cinzentos e chuvosos.
Hoje por exemplo, me sinto meio sujeito a trovoadas.

5 comentários:

Deveras disse...

Esse passar triste e inexoável do tempo é a única batalha que a humanidade não consegue vencer...

Prá pensar, este texto seu.

O foda é que chegamos sempre a mesma conclusão; tudo vai pro buraco.

ficanapaz

Klotz disse...

Acredito que uma prótese deva resolver sua questão existencialista.

MPadilha disse...

Para os mais abastados inventaram o Viagra, um comprimidinho azul que devolve sua auto estima. Já os pobres, em qualquer borracharia se encontra uma bomba de pneu de bicicleta, ajuda, meio dolorida mas, para quem quer render...
Bom texto véio, bom.

Lameque disse...

Considerações filosóficas em torno de um pinto murcho, temperadas com o seu humor peculiar. Este velho sabe das coisas. Tenho dito.

Muryel De Zôppa disse...

Sou fã e pronto.