Sophia era linda, tinha uns olhinhos preguiçosos que teimavam em se abrir por completo, uns olhinhos cheios da herança do pai.
Um dia acordei decidida a cumprir-lhe todos os desejos estampados na cara. Corri para que o despertador não atrapalhasse, ajeitei o travesseiro bem rente à sua face e fiquei assim uns bons minutos: contemplando o sonho da separação eterna daqueles olhos se concretizar.
O peso da beleza e das lembranças naquele olhar era tanto, que não lhe permitiram nem o espanto. Tinha pena da carga que minha filha levava.
5 comentários:
Punk... muito punk. Lembrou-me aquelas estórias de mulheres que engravidam, vítimas de estupro e ao olharem o fruto do ato, vêm nas crianças os monstros que as atacaram...
Repito, punk e visceral. Mas a literatura têm que representar todos os aspectos da vida, e um deles, é esta faceta mortal humana.
ficanapaz.
Belíssimo texto.
Um soco no estômago, dado com imensa categoria. Parabéns!
amei!
Um soco no estômago, dado com imensa categoria. Parabéns! [2]
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