terça-feira, 26 de junho de 2007
Série “Crônica Curta Crônica”: Preconceito
Escrito por
[barba] Uonderias
As luzes, nessa época do ano, costumam variar entre azul, amarelo, verde e vermelho. Os meninos? Esses são muitos, em geral andam sempre acompanhados: mãe, pai, irmão, irmã, babá. Apenas aquele cujos olhos cruzaram os meus não parecia ter acompanhante. Um negrinho desses que se encontra em sinais de trânsito. Calça um tanto desbotada, camisa e chinelos velhos. Devia ter seus dez ou onze anos de idade. Caminhava entre as pessoas como quem não é notado, mas não totalmente. Eu o fitava.
Acredito que ele não estava ali para pedir esmolas ou até mesmo roubar; furtar um objeto qualquer de uma loja. Parecia assustado e, em outros momentos, deslumbrado, principalmente após ter encontrado o que, suponho, estava a procurar: cercado de várias crianças, lá estava o Papai Noel do shopping. O negrinho permaneceu pelo menos dez minutos imóvel.
O funcionário vestido naquela roupa vermelha até que sabia como tratar as crianças, uma vez que todas elas eram de classe média e alta. Por alguns instantes, outra pessoa notou a presença do negrinho, o próprio Papai Noel do shopping. Vi a dor nos olhos do velho que se compadeceu com o menino, fazendo-me sentir o mesmo. Porém o velho e eu éramos incapazes de uma aproximação direta do menino. Cada um impossibilitado pelo preconceito que criou.
p.s: sem tempo pra me dedicar e/ou escrever, grato!
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7 comentários:
É, preconceito é o veneno da humanidade. Teu texto é bem profundo, e triste. Muito bom.
Quantos vezes deixamos de fazer algo pelo próximo em razão das muralhas de preconceitos que nós mesmo erguemos?
Um texto curto, porém que dá para refletir.
Beleza!
Depois batemos a mão no peito e dizemos que somos cidadãos urbanos e civilizados.
Um tema para se refletir. Como já havia dito no escrito de outro autor daqui, que relatava algo de muita relevância também, uma das funções da literatura também é esta: alertar para os problemas que nos circundam.
Mesmo sem tempo ou na correira, você conseguiu ser contundente.
Valeu, ficanapaz
já me esti assim. depois tive vergonha de mim mesmo.
Eis que nos deparamos com o bicho-homem, que somos.
Real e, por isso mesmo, cruel. Bom.
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