sábado, 8 de setembro de 2007

Lição de Antropologia


O fato é que, em algum momento da luta entre as duas tribos, as omas se extinguiram, desapareceram da face do planeta. Deviam ser frágeis demais, etéreas, delicadas. Com certeza é da lembrança atávica das omas que se originaram certas figuras da mitologia grega: as sílfides, as ninfas, as nereidas.

Naturalmente, esse processo de extinção fez aumentar a rivalidade entre as tribos. Sem suas fêmeas, os machos da tribo das omas se tornaram mais agressivos.
Em toda parte, os mulhos foram sendo extintos por esses machos da tribo inimiga. Simples conseqüência da seleção natural, da lei da sobrevivência do mais forte.

E, durante alguns anos, os sobreviventes de ambas as tribos se examinaram desconfiadamente. Por fim, concluíram que teriam que se ajustar uns aos outros, ou simplesmente deixar de se reproduzir.
Afinal, não existem mulas? Resultado do cruzamento entre jumento e égua, ou entre cavalo e jumenta, as mulas são estéreis. Mas não foi isso que aconteceu neste caso, como resultado do cruzamento entre as fêmeas de uma espécie e os machos de outra: foi como se, em vez de um produto híbrido, o resultado desse cruzamento simplesmente produzisse novos espécimes iguais ao pai ou à mãe, perfeitamente sexuados e capazes de reprodução ad infinitum.

Sem suas suaves omas, os homens vêm há séculos em busca da companheira perfeita.
Criadas para serem servidas e protegidas por seus dóceis mulhos, as mulheres não se conformam em se submeter aos homens, fisicamente mais fortes.
Condenados à coexistência, homens e mulheres, predadores por natureza, digladiam-se tentando inutilmente chegar ao entendimento.

Quem pode entender uma mulher?

Quem pode entender um homem?

Quem pode compreender essa coisa fascinante, o sexo oposto? Quem pode compreender essas criaturas incompreensíveis?

No princípio havia homens e omas, mulheres e mulhos.

É a única explicação possível: que homens e mulheres não sejam macho e fêmea do mesmo bicho.

4 comentários:

Roberto Hefler disse...

outro ser resultante desse cruzamento foram as omasexuais, fisicamente machos, mas coportalmente fêmeas... Cuidado que roubam muitos homens e mulhos das mulheres e das omas... Não podia dar sopa!

Betty Vidigal disse...

ri mto com esse comentário!

como q deixei passar essa?

bjs!

Anônimo disse...

Dizer o que, liz? Você é a referência!

MPadilha disse...

Mais um admirável texto da LIz. Amei. Parabéns.