quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O grito da independência

Pedro apesar da fama de absolutista e mandão era uma pessoa dócil e bem mandada. Sempre atendia quando chamado. Miguel, Paula, ou Joaquim. Pedro atendia da forma que o chamassem. Também pudera, batizaram-no de Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
Apesar de todas aquelas opções preferíamos chamá-lo príncipe. Era uma coisa respeitosa. Apesar de que, entre nós, às vezes a gente falava do príííncipe puchando bem o iii e colocando o queixo no ombro e piscando rapidamente os olhos. Tínhamos que ser respeitosos, afinal sempre era bom viver às custas de Sua Riqueza.
Pedro tinha mania de se vestir de príncipe. Usava calças brancas tão apertadas que permitiam saber se a moeda do bolso estava cara ou coroa. Usava também umas jaquetas com ombreiras altas e enfeitada de medalhinhas douradas. Pedro era muito avançado para a época., este figurino só virou sucesso nos bailes gays do Rio de Janeiro 250 anos depois.
Pedro era casado com Leopoldina que era tão feia que era conhecida por trem. Por isso mesmo Pedro vivia viajando fugindo de casa. Ele sempre ia a Santos para surfar. Lá as ondas são pequenas de forma que ele dificilmente caia da prancha. Sob um guarda-sol ele foi apresentado a Maria Domitília, uma paulistana que todos diziam ser de Santos. Domitília, como Pedro, era muito avançada em termos de vestimentas. Ia para praia com uma touca minúscula. Ambos tinham 23 anos e se entendiam maravilhosamente sobre os lençóis de cetim. Pedro e Domitília tinham taras sexuais incríveis: se chamavam príncipe e marquesa respectivamente.
No início de setembro, depois de dois meses de praia, Pedro já estava muito bronzeado e deveria retornar a São Paulo e cuidar dos detalhes para a sua festa de aniversário. Pedro faria 24 anos dentro de dois meses e a expectativa era muito grande para o grande baile anual de aniversário. Tudo era motivo para baile.
O mordomo, José Bonifácio, juntou todo o pessoal, mandou selar os cavalos e preparou uma charrete acolchoada para Pedro. Retornamos lentamente subindo a Serra do Mar e atravessando a Mata Atlântica. No quinto dia de viagem, em pleno feriado, chegamos ao topo da serra com esplêndida vista da baixada santista. Montamos acampamento e preparamos uma peixada real.
Os peixes já não tinham sangue azul. Estavam verdes após calorosa viagem numa época em que não havia frizer nem geladeira.
Almoçamos e seguimos viagem. José Bonifácio queria chegar em São Paulo a tempo de ver o desfile no noticiário da tevê.
O peixe verde começou a saltar dentro da barriga de Pedro. Não tardou a achar a saída. Pedro borrou-se todo. Borrou também a bela carruagem aveludada. O cheiro da condução de Pedro ficou insuportável de modo que ele teve de montar um cavalo. Foi necessário limpar-se num riacho próximo. Na falta de papel higiênico utilizou-se da Gazeta do Rio de Janeiro onde leu que foi rebaixado de regente para delegado. Neste exato momento o outro peixe verde saltou de dentro da barriga da Sua Riqueza provocando enorme dor. Pedro urrou.
– Meeeeeerda!O peixe buscou a independência e este episódio foi retratado anos depois por Pedro Américo e batizado como “O Grito do Ipiranga”.

4 comentários:

Lameque disse...

Essa versão galhofeira do episódio da independência deveria ser ensinada nas escolas. Garanto que iria render boas gargalhadas da garotada.

Biscoito Fino!

Deveras disse...

Caraca, vc virou a história brasileira de ponta cabeça, hehehe

Don Pedro, "o sufista", ficou duracáleo,rs...

Aí, só dá uma corrigida no "freezer". De resto, non sense geral.

ficanapaz

Deveras disse...

"O Surfista"... (teclado paraguaio é foda...)

Muryel De Zôppa disse...

hahahahaha... estou rindo largo. Puta! deveria mesmo ser ensinado nas escola. Peixe verde faz mal, hahahaha.