Eu era a única mulher no grupo em volta da mesa do bar, naquela noite. O que se faz em torno de uma mesa de bar? Fofoca-se. Fofocávamos, pois. Falava-se do caso extra-conjugal de um amigo comum. A moça é solteira, linda, fina, inteligente. Ele quer que ela se case – com outro, pois não pretende se divorciar. Ela provavelmente se casará, porque quer ter filhos. Elogios gerais à menina.
– Ela é um cristal –, explico ao único que não a conhece e que nos ouve boquiaberto.
Terminada a conversa, quem a arremata é ele. Diz que nunca imaginou que o outro, tão sério, tão calado, fosse capaz de conquistar uma pérola como essa que descrevêramos.
– Meu respeito por ele foi aqui, ó:
E ali sentado ergue o braço na vertical, dobrando os dedos no alto pra indicar o nível que o outro atingiu no seu respeitômetro.
Era o tal do Dia Internacional da Mulher.
Então fica combinado: poderemos dizer que há igualdade entre os sexos no dia em que uma mulher for mais respeitada se tiver um caso extraconjugal, desde que o cara seja maravilhoso.
3 comentários:
Isso aí!
kkkkkkkkkk
liz, acho que este dia infelizmente nunca chegará, até nós mulheres somos condescendentes/preconceituosas quando o assunto é traição masculina... infelizmente
beijos e o texto tá ótimo
sabrinets
Muito bem pensado! O machismo está em cada milímetro do solo onde pisamos. é uma praga com a qual, como não se poda, com o tempo ninguém nota, pois está por toda parte. Abraço!
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