sábado, 3 de janeiro de 2009

Convidada Iriene Borges

Cai o pano


Eu devia engolir a fala

do modo que engulo o choro

e o retenho com um nó na garganta

e outras linhas emaranhadas


Mas a palavra me desata, me destorce

faca afiada me destrincha expondo trapos

desfia o alinhavo

da figura adquirida em banca de retalhos

mostra-me em cada laivo a artesania

dos adereços de rebotalhos

A isso que sou

---------boneca de sonho

--------------------títere do som

não cabe reter a palavra que resvala

.
.
Iriene Borges

Teimo que sou artista plástica, vivo flertando com a filosofia e a gastronomia, mas sou poeta. Participo do grupo Pó&teias, que publicou livro homônimo em 2006, através do qual percebi que renasço em cada verso, em cada palavra.

5 comentários:

por amor disse...

que poesia maravilhosa. Que
sensibilidade...
é bom entrar numa página e dar de cara com palavras que entranham na
alma.
beijus
aline

bemditorosa disse...

Delicioso.

Deveras disse...

O poema já começa forte, engulindo o choro e fazendo cara de Clint Eastwood... E finaliza ainda mais forte, contendo a fala.

Bela construção.


ficanapaz

Anônimo disse...

já disse q adorei, né?

esse desata, destorce

destrincha
desfia

tá mto legal!

BJ!

Giovani Iemini disse...

esse eu já conhecia do bde no orkut. bão.