quinta-feira, 10 de junho de 2010

Convidado Márnio J. S. Teixeira Pinto


Da série:  A  ODISSÉIA DE UM CIDADÃO COMUM NUM DIA COMUM.   

    IGUALDADE SIM, MAS COM ALGUNS LIMITES ! 

Os Shopings Centers são, hoje em dia, os locais de maior afirmação da presença do primeiro mundo.
Lojas muito bem estruturadas, oferecendo os produtos com os artifícios da imaginação capazes de convencer os passante a adquiri-los, mesmo que deles não necessitem; pátios de alimentação com orgulho de satisfazer , com razoáveis retribuições, os mais refinados paladares e, para as eventuais necessidades, instalações sanitárias com sofisticação operacional capaz de saber se o usuário já as liberou de sua utilização.
Esse local de apreciável ardor capitalista iguala os e as consumistas no afã de demonstrar atualização no que respeita a modas e costumes, pois, afinal, nele desembocam todas as  tendências preconizadas pelos figurinistas nem sempre convictos das necessárias  e inconfundíveis diferenças entre o masculino e o feminino.
O cenário acabou sendo o palco de meditações filosóficas sobre  a igualdade.
Compareço, por necessidades fisiológicas às instalações sanitárias elogiadas em parágrafo anterior. 
Porto um pacote de volume moderado resultante de compra recém efetuada por minha senhora, nesse mesmo momento usuária das dependências ainda destinadas ao sexo oposto.
Uma ligeira inspeção me confirma a suspeita da inexistência de local apropriado para colocar, temporariamente, o embrulho.  No chão molhado, não sei de que, nem pensar !
Em virtude de a urgência começar a se fazer presente, com certa insistência, resolvo adequar o embrulho debaixo do braço mas logo  reconheço que essa providencia não me libera a mão direita para outra atividade. 
Equilibrar o incomodo pacote no cocuruto concluo não ser capaz com certo grau de segurança.  A solução foi segura -lo com a mão esquerda.
Destino a mão direita, já que sou destro, `a missão mais nobre de conduzir a atividade principal do momento.
Com ela, procuro encontrar a braguilha da calça e me surpreendo com a sua inexistência. Com certeza,  fruto do talhe moderno de dedicados estilistas.
Restava-me fazê-la descer mas, para tal, o cadarço que a ajusta `a cintura deveria ser afrouxado.
Pensa que e fácil desatar um nó com uma só das mãos? E, principalmente, quando há urgência ?            
Situação difícil nos conduz a fazer certos milagres e desta feita a ansiedade conduziu a habilidade ao sucesso.
Baixada a parte frontal da vestimenta, inutilmente procuro a abertura da cueca. Não sei o porquê , mas, hoje, em nada difere das calcinhas a não ser pelo conteúdo.
Sou obrigado a fazer subir o sujeito da ação por sobre a borda da cueca tentando abaixá-la com apenas uma mão o suficiente para aponta-lo para o paciente mictório acremente perfumado.
 Sucesso num primeiro e aliviante momento! 
É evidente que os equilíbrios instáveis tendem a provocar mudanças bruscas e nem sempre esperadas. 
O resultado é  que o queixo e minha gravata foram aquinhoados com razoável quantidade de liquido caliente no momento em que a impertinente cueca resolveu voltar a sua posição normal.
Ainda bem que a platéia era constituída de apenas meia dúzia de gozadores que não puderam conter o riso, gratuitamente, por mim provocado.
O fato me leva a meditar se a globalização da igualdade não me obrigará  a igualmente urinar, apenas, sentado! 


Obs. O autor é pós graduado em Estudos de Problemas Brasileiros.  
---
Márnio J. S. Teixeira Pinto

 

Nenhum comentário: