Flutuava, atônito, ao redor de si. O peito doía, mais pelo pontapé em seu cadáver que pela passagem do metal incandescente. Seus volumosos códigos jaziam espalhados na via, à mercê dos passantes, das intempéries. A visão de sua bela toga negra, agora suja, rasgada, sacrilegamente repousada sobre o monturo de excremento canino deixou hirsutos seus pêlos ectoplásmicos. O condenado foragido, a valise, o Rolex e a carteira há muito haviam sido engolidos pelas trevas noturnais, restando, apenas, a capital sentença a reverberar em sua mente confusa, mesclada ao estampido ensurdecedor: "É, seu juiz. O senhor me fudeu aquele dia lá no tribunal. Agora, quem vai se fuder é o senhor. Quem o senhor pensou que era pra ferrar com a minha vida daquele jeito? Deus?"
Carlos Cruz - 07/10/2008
4 comentários:
É o que desejo a todos os juízes injustos.
Diante da morte somos todos pelados e fudidos.
Massa o blog, gostei de mais! Quando puderem visitem o meu tb! ;)
Abraço
gentesssssss que bar maneiro!!! adorei!! vou indicar! são de Brasília? abçs Pietra
muito bom
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