terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Outro

Sou outro, outra vez
refletido em um rosto que não reconheço
não sei onde me encontro
não sei qual é o preço
da sanidade que não controlo
da ingenuidade que me consola
da concordância com o mundo
ou da revolta que ainda guardo
há na mente tantos quartos !
Tantas lembranças, tantos fardos
mas vou à luta novamente
erguendo-me da lona
onde atirado estava
no fundo da minha vala
que cavei para me defender
dos assaltos ao coração
da covardia e da traição
da minha própria condenação !
sem defesa e sem juiz
me acuso continuamente
por teimar em ser feliz
por sorrir serenamente
enquanto o caos me consumia
levando os socos ainda sorria
fingindo ser tão poderoso
inatingível e inalcançável

Era outro eu que se valia
da bravura e covardia
que dissimuladamente exibia
Estóico !
era o brado que retumbava
nos caminhos onde passava
Heróico !
feitos meus que não contei
que nem mesmo acreditei
terem sido obras minhas...

Mas isso é passado de um outro
que guardo longe dos olhares
e me acompanha aos lugares
sem ser visto por ninguém...

Mesmo comigo ele insiste
quer provar que ainda existe
quer provar que é alguém

3 comentários:

Daíse Lima disse...

Oiiiiiiiiiiiii!
Adorei o seu blog! Parabéns!!!
Se quiser conhecer o meu, é : www.espiculaderodinha.blogspot.com
Bjos!!!

Janaína disse...

Me achei nas entrelinhas...

Glauber Vieira disse...

Bonito texto, muitos se identificarão com ele. Gostei muito também do ritmo, quase musical.