Estava cagando e com uma dor de cabeça terrível. Em minhas mãos, um jornal da semana passada. Com minha visão turva, olhava-o sem ler. Fazia força. Suava. Saiu, enfim. Uma respiração de alívio se seguiu. As palavras do jornal tomavam forma. Pude ler: “Mulher assassina ex-marido no quarto por ciúme”. Chorei. Uma sensação indescritível de inveja tomou conta de mim enquanto me limpava. Não pude evitar e imaginei a cena. Uma mulher ensandecida invadia o quarto com passos fortes, nervosos, porém decididos. O homem a olhava com surpresa e curiosidade. Ela escondia uma arma. Suava. Fazia força. Puxou a arma. Saiu, enfim. Após primeiro tiro o homem a olha incrédulo, como uma grande interrogação. Não sentia dor. Suava. Olhou-a nos olhos. Chorou. Lágrimas corriam por seus olhos enquanto mais dois tiros se seguiram. Ele, debruçado na cama ensanguentada, olhava para o teto enquanto sua vida se esvaía. Ele ainda lembrava-se do olhar dela ao puxar o gatilho. Sorria. Por fim, suspirou, feliz: - Meu deus, quanto amor havia em seus olhos! Morreu. Terminei de me limpar, dei descarga e abri a porta pensando que alguma mulher imaginária iria irromper pela porta com uma arma na mão e olhos de amor para me matar.
André Espínola
2 comentários:
Já vi porcaria de texto, mas que nem esse...é dose!!
rsrsrs, isso é que eu chamo de uma "cagada nervosa" rsrsrs!
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