a mosca zunia em torno da lâmpada velha e suja. as cinco mesas do boteco infame estavam vazias. a pouca luz não escondia a gordura entranhada nos copos e toalhas plásticas nem as paredes descascadas e rachadas. no ar cheiro a mofo e mijo. o dono da pocilga era um gordo fedorento que mastigava o palito usado e limpava o balcão com um pano sórdido. e lá estava o único cliente da noite encostado no tal balcão. do rádio de pilha em cima da prateleira, ao lado das garrafas, saia uma música antiga que falava de um bordel e suas putas tristes. o copo de cerveja do único cliente estava pela metade. ele tira do bolso da camisa um cigarro. pede fogo. ganha uma caixa de fósforos. acende o cigarro, dá uma tragada longa, acaba com a bebida num gole só. puxa o revólver do bolso de trás da calça jeans e dá um tiro no dono do bar e outro na própria cabeça. ficam ali os dois estendidos no chão imundo. lá fora apenas um cão late ao longe. a música no rádio continua. a mosca desiste da lâmpada velha e pousa na boca do único cliente da noite.
6 comentários:
como já disse, sensacional, eu adoro esse seu estilo submundo assassino
espero que isso não seja no bar do escritor. hehehe.
haahaha gi não é no bar do escritor, definitivamente.
pablo, valeuuuuuzão.
;)
Se as moscas falassem nos contariam tudo que veem com seus olhos multifacetados bem como o que o ouvem da boca de um morto. Sensacional, não, não acho que seja o mesmo bar, mas talvez foi de lá que ele comprou a bebida. Abraços.
ei luciano, certeza que foi de lá que comprou a bebida hehehheheh um beijo e obrigada pela visita. e ó, adorei a frase "se as moscas falassem contariam tudo que veem na boca de um morto".
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