Em 2007 iniciei a produção do Ezine (eletronic-zine) Bar do
Escritor, uma publicação virtual de contos, crônicas e poemas dos autores da
comunidade BdE do Orkut. Registrei o domínio www.bardoescritor.net por R$ 30,00,
contratei uma provedora por R$ 10,00 e paguei R$ 300,00 para um programador
fazer o site. Tudo muito simples, mas arrumadinho e bastante interessante.
Convidei diversos escritores para editarem rodadas com
autores de sua preferência, entre nacionais e internacionais, conhecidos e
anônimos, sendo que a única obrigação era a permissão para uso do texto e a
ajuda na divulgação. O ezine chegou a receber 150 mil acessos. Foram 58 rodadas
de literatura (ou drinks literários).
Em 2012 não fiz a renovação do domínio, estava meio sem
grana. Lá pelo meio do ano, com a próxima rodada pronta e uns trocados no
bolso, acessei o Registro.br para regularizar o pagamento e prosseguir na
empreitada de publicação virtual, porém descobri que o domínio havia sido
comprado por uma empresa norteamericana, a
www.flancrestdomains.com . Contatei a empresa e, para meu espanto, eles
informaram que me devolveriam o domínio pela módica quantia de $ 5000. Em
extenso, para não deixar dúvidas: cinco mil dólares!
Em pesquisa na internet, descobri que é pratica comum
monitorarem e registrarem domínios com muitos acessos que não são renovados
para revendê-los com ágio aos verdadeiros desenvolvedores da marca. Aconteceu
com a Coca-Cola, a Sony e até a Madonna. É prática comum, sim, mas não honesta,
diga-se.
Obviamente não comprei de volta o domínio, tampouco iniciei
ação jurídica internacional, como a Coca, a Sony e a Madonna, para reaver o que
era do BdE por direito natural. Averiguei a data em que o registro expiraria e
esperei para fazer o procedimento inverso, ou seja, comprar de volta no sistema
o domínio que eu havia inventado. Nesse interlúdio, por trinta dinheiros
brasileiros, registrei o bardoescritor.com.br .
O registro internacional expirou hoje, dia 14/05/2014.
Acessei o site de registro e, para minha surpresa, a malfadada empresa havia
renovado o domínio algumas horas antes. Contatei a empresa novamente. Eles me
disseram que o devolveriam de bom grado, inclusive com desconto de 50%, por
apenas $ 2500. Em extenso novamente: duas mil e quinhentas doletas.
Encaminhei um email ao flancrestdomains: give me back my domain, your thiefs. Imagino,
porém, que eles não o farão sem o recebimento do sequestro. Sim, pois é um
sequestro de marca, de ideia, de projeto. Uma atitude absolutamente canalha e
exploradora, típica do capitalismo arrogante de empresas sem ética.
O problema nesse imbróglio é que a programação do site faz
referência ao bardoescritor.net, ao invés de acessar a pasta raiz do ambiente
onde estão hospedados os textos, assim, para conseguir voltar com o ezine, é
preciso usar o mesmo domínio ou fazer uma nova programação reescrevendo o site
antigo. Pesquisei quanto custaria a nova programação: R$ 2000,00.
O BdE é uma entidade sem financiamento, além da ajuda dos
barnasianos, é praticamente impossível recolhermos tal dinheirama para refazer
o site em outro domínio.
Portanto, ficaremos sem o ezine no bardoescritor.net até
pelo menos 13/05/2015, quando o registro expirar novamente. O ruim é que sempre
que vendemos uma das três primeiras antologias e o comprador se interessa por
conhecer o site, ele acessa o domínio roubado e a cada vez que há um acesso, a
empresa sacana percebe que há público e interesse por aquele espaço.
Possivelmente renovarão o domínio no ano que vem. Somente nesta quarta
antologia é que informamos o novo espaço.
Como há o lado bom para tudo, percebi o quanto é
importante formalizar nossos trabalhos. Ou melhor, importante não, necessário,
pois há aqueles que não partilham nossas concepções de honestidade e direito. O
que a tal empresa fez é legal, mas absolutamente amoral e indigno.
4 comentários:
Puxa, que coisa. Eu já tinha ouvido falar de empresas que criam domínios para vender depois, como foi o caso da Globo, anos atrás. Quando Marina Silva foi candidata a Presidência, criaram vários domínios com o nome dela, a fim de que a legenda comprasse, e por aí vai.
Vale a lição aprendida em meio a toda essa sacanagem. Precisamos mesmo ser mais cuidadosas (os), pois há pessoas e empresas com más intenções.
sempre existem os espertinhos que gostam de de tirar proveito... temos mesmo de confiar, desconfiando... como dizia um amigo
eu pensei que só os brasileiros fossem malandros...
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