A Fortaleza
Grande confusão se desenrola
Por trás dos muros daquela fortaleza
Que, distante, sugere ao viajante
O equilíbrio das impávidas durezas
Como uma torre que se ergue sábia
Uma sombra formal lança ao baixio
E sufoca no alto da montanha fria
Seu sofrer surdo, já feito silêncio
No seu íntimo corre da revolta o sangue
Não mina; é secreto, oculto, interno
E no incoágulo dos conflitos constantes
Um transbordo aguarda inquieto
De tão longe às vezes passa indiferente
Na falsa defesa das paredes sem escoramento
E sem a provisão de um amor que a sustente
Rui no morno dos seus próprios sentimentos
A revolta incontida, já sem força, triste
Então faria dos blocos de pedra pó
E o viajante em retorno, o olhar em riste
Veria a fortaleza ruína e só.
8 comentários:
Quem sabe sabe, quem não sabe aplaude, muito bom. Tu é que é uma verdadeira fortaleza que me deixa em ruinas a cada dia, se vejo teus textos lindos e sempre perfeitos. Uma confidência: Qualquer um que postasse "baixio" me faria supôr ser um erro grotesco, como foi vc, corri ao dicionário para aprender uma nova palavra, não tive dúvidas. Meu beijão lindo.
esplendidamente escrito a cada verso do poema...
lindo e o final, perfeito
parabéns
flew!
porra não uso muito essa frase mas é foda esse texto cara, arrasou
Junto -me ao coro, reverências, meu caro! CLAP CLAP CLAP!
Bravo! Bravo!
O perigo de crer Fortaleza
é ver por onde o olhar interroga
minúcias. Belo. Parabéns!
Ocultamos incertezas e conflitos internos com muros, fortificações e fachadas coloridas. Se não houver pilares sólidos e estrutura condizente tudo desmorona como castelo de cartas.
Gostei da metáfora que li nos seus versos.
"Rui no morno dos seus próprios sentimentos"
Fora só esta a frase do poema, já valeria tudo. Mas tem mais coisa, e como têm...
Redundância dizer que está muito bom. A simbologia do mesmo está tão bem construída quanto uma fortaleza.
ficanapaz!
Ô, amigos, brigado pelas boas palavras! :-) Fico feliz que tenham gostado.
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