terça-feira, 17 de julho de 2007

Passarinho Infeliz

Sentado na praia,
Eu, curioso, observava
A dança dos pássaros,
Que voavam... voavam,
E depois, tristes,
Voltavam.

Um desses, não sei porquê,
Pousou ao meu lado.

Olhei-o atentamente,
E, pensando alto,
Inconsciente falei:

- Passarinho,
Quão feliz tu deves ser!

Seus olhos sem espírito
Fitaram-me aborrecidos,
E uma voz saiu
De seu amarelado bico,
Que disse:

- Feliz, eu?!
Estás enganado,
Pois não conheço outro pássaro
Mais triste.

Indignado, falei:

- Impossível!
Teu par de asas
Podem levar-te para onde quiseres!
Meu tesouro está lá longe,
Quisera eu poder voar!

- E eu poder nadar,
Pois meu tesouro
Está lá escondido
No fundo do mar.

André Espínola

7 comentários:

Marco Ermida Martire disse...

Pessoas desejam sempre o que não têm. É um ciclo sem fim e não acaba nunca nesses tempos de só consumo! Boa lembrança.

Véïö Chïñä‡ disse...

Menino.

Tens sensibilidade tão simples e mágica que faz chorar os rebuscados.

Belo

Anderson H. disse...

Belo. Sensibilidade bem dosada.

Anônimo disse...

Se o homem vivesse embaixo d'água, a última coisa que perceberia seria a própria água.

Anônimo disse...

Tudo parece estar sempre mais além.
:)

Wilson R. disse...

.

Maravilhoso.
Simplesmente maravilhoso.

Abraços.

.

Giovani Iemini disse...

andré, sempre em seu estilo, está se tornando inconfundível.