Sentado na praia,
Eu, curioso, observava
A dança dos pássaros,
Que voavam... voavam,
E depois, tristes,
Voltavam.
Um desses, não sei porquê,
Pousou ao meu lado.
Olhei-o atentamente,
E, pensando alto,
Inconsciente falei:
- Passarinho,
Quão feliz tu deves ser!
Seus olhos sem espírito
Fitaram-me aborrecidos,
E uma voz saiu
De seu amarelado bico,
Que disse:
- Feliz, eu?!
Estás enganado,
Pois não conheço outro pássaro
Mais triste.
Indignado, falei:
- Impossível!
Teu par de asas
Podem levar-te para onde quiseres!
Meu tesouro está lá longe,
Quisera eu poder voar!
- E eu poder nadar,
Pois meu tesouro
Está lá escondido
No fundo do mar.
André Espínola
7 comentários:
Pessoas desejam sempre o que não têm. É um ciclo sem fim e não acaba nunca nesses tempos de só consumo! Boa lembrança.
Menino.
Tens sensibilidade tão simples e mágica que faz chorar os rebuscados.
Belo
Belo. Sensibilidade bem dosada.
Se o homem vivesse embaixo d'água, a última coisa que perceberia seria a própria água.
Tudo parece estar sempre mais além.
:)
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Maravilhoso.
Simplesmente maravilhoso.
Abraços.
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andré, sempre em seu estilo, está se tornando inconfundível.
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