domingo, 16 de setembro de 2007

O elevador


- Mas que merda! porra! - Todos se assustaram.

Talvez houvesse uma duzia de pessoas na cabine do elevador, quem sabe mais, ele não precisou ao certo.
Foda-se! - pensou - surpreso com os olhares dos demais.
"Oh, que sujeito horrível!" - disse uma garota gordinha, uns 23 anos, da qual não lhe via a bunda, apenas a silhueta ampla, larga e duns rechonchudos peitos 52.
Um cara, executivo ou parecendo um o olhou com desdém. Ao ser retribuido, o jovem, suspeito de ser um empresário sentiu-se desconsertado e desviou o seu olhar. Evidente que encarar um sujeito que do nada solta um "Mas que Merda! porra!" não deve ser tarefa das mais fáceis; é bom tomar cuidado com esse tipo de sujeito -deve ter imaginado ao desviar o olhar. Do lado esquerdo, de relance percebeu uma loirinha. Ela parecia atraente a bordo daquele sorriso discreto porem, sensual.
Talvez não fosse gostosa já que não lhe via as formas, encobertas por um sujeito barrigudo e com o terno em desalinho. Naturalmente, o amavável sorriso, aliado ao fato de não tê-lo censurando nem mesmo com o olhar fizeram-no achá-la interessante.
Todos ali, com exceção de uns quatro ou cinco davam mostras de sentirem-se incomodados com sua presença. Olhou para o pulso e no relógio o ponteiro dos segundos corria maluco, desenfreado, como quisesse alcançar algo que estivesse muito a sua frente. E a medida que os andares iam sendo vencidos o elevador não mais parou e nem recolheu qualquer passageiro,descendo numa única toada até o pavimento inicial. E ele, solto num mundo sem perspectiva nem se apercebeu que a porta se abriu.

-Térreo! - Exclamou a ascensorista.

Aquele pequeno mundo de gente se locomoveu, uns mais apressados que os outros. E todos, de alguma forma, partiam para os afazeres de suas vidas repletas das mesmices de sempre -imaginou.
A loirinha fora a penúltima. Foi a oportunidade que teve de perceber a classe que desprendia daquela garota. Reparou no estilo do caminhar e o mágico rebolado de nádegas encoberto pelo delicado tecido de linho de um refinado tallieur. - gostosa - concluiu. Talvez lhe faltasse melhor senso e critérios na definição do era ser "gostosa". Geralmente se fixava na rigidez e curvatura das nádegas como se esses fossem os únicos critérios possíveis e aceitáveis. Repentinamente imaginou se ele não seria acometido por alguma espécie de um desvio comportamental, e então sorriu com desdém. Afinal, sempre ouvira dizer que essa obsessão, o fanatismo por um belo rabo significava que estivesse enrustido em si o desejo de dar a bunda, já que, segundos os defensores da tese, isso nada mais representava do que as vontade reprimida de pessoas que se envergonhavam de assumir a sua própria homosexuaalidade. Bah! quanta baboseira! Afinal, se a teoria fosse válida seríamos obrigados a admitir que éramos um país de viados. E, além do mais, emitir teses dessa natureza só pode ser coisa de "boióla" -concluiu-

-Senhor! Térreo! Chegamos!

Acordou do pensamento surpreendido pela macia voz da ascensorista. Ali, parado, fixou-se atentamente naquela jovem. -Linda- definiu. Linda, mas no lugar errado.- ruminou ainda. Concentrou-se mais e atentou para os detalhes daquele ser tão feminino e tudo nela lhe pareceu tão extraordinariamente mágico e sensacional. As formas, a rigidez das ancas , os seios fartos, redondos, as pernas explendidamente torneadas, a doçura da voz e, finalmente aqueles olhos negros que o devoravam.

-Senhor! Térreo! - insistia ao o olhar fixamente e sem compreender-lhe a resistência.

Nem ele entendia o motivo de estar parado ali, o olhar fixo no alvo como se fosse sa presa dos mais famintos dos leões. Só ali, estático, vislumbrando, admirando. sentindo a irrestível atração que ela exercia, como se atingido no queixo por um demolidor direto de esquerda. E ela, sem qualquer resposta, como se estivesse hipnotizada por ele, num simples toque de um dos botões fez a porta se fechar. Repentinamente os olhares tornaram-se cúmplices. Ouviu-se o "plim" de uma campainha que certificava que o elevador estava novamente em movimento. Eles estavam excitados, inexoravelmente atraídos. Ele percebeu todo o momento e então agiu. Suas mãos de homem adentraram por sob a saia da funcionária, e os seus dedos ágeis e sutis subiram até o seu sexo e suavemente roçou os dedos por sobre o tecido da calcinha. Um longo e sensual suspiro se mulher preencheu o ar. Ele foi mais fundo e seus dedos penetraram-na e sentiu o quanto ela era quente e molhada. O elevador subia sem qualquer escala para o 43o andar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom texto, merece comentários.Chame aquele povo do bar para ler!hehehe.Abs