segunda-feira, 30 de abril de 2007

GOELA SEDE: A GUERRILHA CANGAÇO (OU VISÃO POEIRA)

(Por Oswaldo)


“Daí porque o sertanejo fala pouco:
as palavras de pedra ulceram a boca”
(João Cabral De Melo Neto)

.

negr'o agreste língua sertão da peste
correnteza-carcaça de mil vidas passadas o
batalhar dos calos sob reflexo
solar dourado
do fado

.

Lampião
co’os pés trincados
pernambuca de chão a chão

.

lâmin'aborrece o bucho
bala-sertão jagunço
atent'a olhos empoeirados (esquenta)
para as margens
do mar em pó
(lesma derrete no riacho das lágrimas de sal)

.

é
pedra que à luz do dia chora-
transpira e
faca qu’educada em pedra
emoldur’a tripa



Oswaldo
.

7 comentários:

Lameque disse...

Nossa Muryel! Isto transcende o poema, o cordel. É um verdadeiro trabalho de pesquisa sobre as tradições orais nordestinas.

"permanbucar" de chão em chão, é de um lirismo comovente.

Parabéns com louvor!

Anderson H. disse...

Você está craque nessa arte. Desenvolveu bem e vem crescendo. Este está 10. Você tem que dar umas aulas para o Muryel. rsrsrsrsrsrs

[barba] Uonderias disse...

as palavras do Lameque serão repetidas por mim
gosto dos teu estilo!

Deveras disse...

Caraleo!

Matou a pau. A última estrofe (embora o texto todo seja primoroso) roubou a cena (se é que era possível)


pedra que à luz do dia chora-
transpira e
faca qu’educada em pedra
emoldur’a tripa"

Deu para ouvir o tinir de uma tramontina nas entranhas de algum desafortunado.

Meus cumprimentos

ficanapaz!

Fernando Maia Jr. disse...

Bom. Muito bom. Estilo seguro. Seguro do que faz.

Fernando Maia Jr. disse...

Ah, sim, mas achei o título mt grande - não sei, achei que não combinou toda esta grandeza. Não para vir sempre junto com o poema. Foi bom apresentar que ele tem mais de um título aqui, mas não precisa ser sempre. Acho que assim, vindo tudo junto, rouba um pouco a cena. Não sei de mais nada... :-P

- disse...

Adorei o poema. Está muito bem feito.