Balada homicida
É preciso matar o vizinho com um tiro de fuzil ,
antes que ele compreenda os textos sagrados
e venha, como irmão , a seu lar ,
comer do seu pão e beber do seu vinho .
É preciso degolar os amigos ,
ou enforcá-los em seus cadarços
(eles não usam gravatas ),
antes que eles entendam Marx,
decretem o fim da era dos desiguais
e venham exigir que você participe do combate ,
deixando para trás sua coleção de tampinhas
de refrigerantes
e de caixinhas de Malrboro.
É preciso matar os homens
– contrariando Drummond –
antes que eles entendam a poesia que há nas coisas
e comecem a distribuí-la em seus gestos diários .
Assassiná-los antes que liguem para a sua casa
e convidem-no para ver a lua
ou um mosquito de Proust,
retirando você de seu conforto militar , remediado .
É preciso se matar , sobretudo se matar ,
antes que a vida se refaça no interior dos lares
e a alegria volte a corar a face dos homens :
antes que eles se compreendam, venham à sua porta
e a derrubem, por acreditarem-na obsoleta .
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L. Rafael Nolli nasceu na
6 comentários:
Bárbaro Rafael,estoante!
bjos
Rita
Muito criativo o seu texto .. Demais .. Lindo ... Beijins
Bom pra caramba!!!
quero conhecer o Rafael. Escritor de verdade. Nascido em 80???
hm. "É preciso" conhecer o Rafael.
Imagine-o como professor!
Ele é o meu!
Nolli,
perdi a conta do tempo que a gente se conhece, o certo é que desde a época do Caleidoscopio que eu te curto!
Forte, como tudo seu que leio!
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